O evento que ocorreu no dia 14 de junho trouxe os resultados dos dez projetos brasileiros realizados através do programa Climate-U, uma iniciativa da University College London (UCL) que envolve 16 universidades de sete países, incluindo o Brasil, em prol do desenvolvimento científico voltado para lidar com os efeitos das mudanças climáticas. Ao longo da abertura das apresentações, o Reitor da Universidade de São Paulo, Carlos Gilberto Carlotti Junior, enfatizou o propósito de levar a instituição aos altos patamares de sustentabilidade e promover um ecossistema sustentável nos campus, para que sirvam de exemplo para a sociedade.
“Transformando universidades para um clima em mudança”, o destaque na página inicial do Climate-U, não foi uma frase escolhida por acaso. O professor Tristan McCowan (UCL), Coordenador do Climate-U, explica na reunião que as Universidades são parte chave para solucionar os problemas originados das mudanças climáticas, assim como também fazem parte destes problemas e, por isso, precisam ser transformadas.
O programa é realizado entre Brasil, Fiji, Indonésia, Reino Unido, Índia, Quênia e Tanzânia. A seleção de países, segundo a página do programa, se baseia naqueles que apresentam maior vulnerabilidade para a população frente aos desastres provocados pelas mudanças climáticas. A proposta é que, juntos, atuem em pesquisas e projetos que possam beneficiar suas comunidades, além de compartilharem os resultados entre si.
O Professor Dr. Pedro Roberto Jacobi, coordenador do projeto O potencial da USP como articuladora no combate à Emergência Climática, explica que o objetivo do programa como um todo é analisar como a discussão sobre o meio ambiente ocorre nas universidades e de que forma é possível promover maior visibilidade e ampliar a divulgação das atividades realizadas em torno do tema. Na prática, os projetos de pesquisas acabam criando pontes entre a sociedade e diferentes agentes sociais. Neste sentido, é possível verificar atividades voltadas tanto para a mitigação dos efeitos – vinculados às políticas públicas – quanto para a adaptação da sociedade para lidar com eles.
“A universidade precisa se transformar para o enfrentamento da mudança climática – que eu prefiro chamar de emergência climática –, e as universidades, que são parte da sociedade, precisam estar cada vez mais sintonizadas, articuladas e mais próximas com a sociedade e com os diferentes atores sociais”. (Prof. Pedro Roberto Jacobi)
Universidades como agentes transformadores
Ao todo, dez grupos de pesquisa foram beneficiados pelo programa no Brasil. Embora todos se caracterizam como projetos de pesquisa-ação, eles se diferenciam na aplicação e no alcance. Conforme explica Pedro, muitos deles “foram desenvolvidos, implementados e vinculados a projetos já em andamento com certas características que permitiram a agregação desta iniciativa”.
O professor também enfatiza o papel da universidade de prover e promover o conhecimento, além de possibilitar a aplicação deste em políticas públicas. Nesse sentido, cada projeto representa “um conjunto de conhecimentos, de habilidades e de valores incorporados” para discutir um tema complexo. Além de lidar com incertezas, contradições e interesses, as iniciativas lutam pela redução de emissões, que envolveria uma brusca mudança nas matrizes energéticas e das tecnologias passíveis de serem aplicadas.
Iniciado em 2020, o Climate-U se encerra neste ano, em 2023, conforme seu planejamento. Mas o professor Pedro acredita que a iniciativa possa impulsionar novas atividades a serem desenvolvidas pelos pesquisadores que participaram dos projetos, além de promover a continuidade das atividades já vinculadas, variando de acordo com os resultados.
A listagem dos projetos apresentados pode ser consultada na página do IEE-USP, e o Evento pode ser assistido no canal do IEE-USP no Youtube em duas partes.
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