Quando um novo governante entra em cena uma das mais importantes preocupações é entender o que pode acontecer com a economia. Isso porque a construção de políticas públicas impacta diretamente na vida da população, no planejamento de empresas e na saúde fiscal do país, fator considerado relevante para a atração de investidores. Pensando em tornar esse debate mais acessível aos estudantes da USP, a entidade Estudos de Política em Pauta (Epep) da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA) convidou Zeina Latif para um debate no instituto, ocorrido recentemente, como objetivo de tratar do tema Economia do novo governo.
Zeina, que é ex-aluna da FEA e foi secretária de desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo, sinalizou que os recentes dados de geração de PIB e empregabilidade mostram uma recuperação econômica mais rápida que o esperado após a pandemia de Covid-19. Segundo ela, parte disso pode ser atribuído ao efeito observado agora da reforma trabalhista de 2017, que aumentou a flexibilidade do mercado.
Para a convidada, o maior desafio que o novo governo terá de enfrentar é equilibrar os gastos sociais e a responsabilidade fiscal, isto é, respeitar ao máximo o orçamento previsto para 2023 e a lei do teto de gastos de 2016 para evitar o aumento do endividamento público.
Zeina também salientou a necessidade de reformas eficientes com relação à tributação e à aplicação de gastos públicos, o que consequentemente estimularia o crescimento econômico e otimizaria a arrecadação pública.
Outro fator apontado foi a necessidade de revisar o desenho de programas sociais. Após dois anos do programa Auxílio Emergencial, a manutenção de estímulos sociais do mesmo porte pode não ser tão eficiente, pois pode gerar aumento de preços, o que reduziria o poder de compra, principalmente das classes mais vulneráveis, que proporcionalmente gastam mais em itens relacionados ao núcleo da inflação, que são os alimentos. Para ela, a grande incógnita do novo governo ainda é a questão fiscal.
Questionada sobre como deixar claro para a população os efeitos adversos dos programas sociais, a economista apontou para a importância do debate público, tema central à entidade que promoveu o evento.
Segundo o presidente da Epep, João Pedro Marconde, “o propósito da entidade é promover um debate plural e discutir a conjuntura político-social do momento”. Criada em 2020, a entidade promoveu diversos eventos com convidados da política, economia e administração pública, na FEA e em outros institutos da USP, como a Faculdade de Direito (FD) e o Instituto de Relações Internacionais (IRI).
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