Pesquisa da USP relaciona planejamento urbano e saúde mental

Áreas verdes auxiliam na melhora do estresse e estão associadas a um padrão restaurativo da mente

Fotomontagem sobre vegetação e saúde mental - Arte: Ana Júlia Maciel

Um estudo realizado na Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP) detectou que regiões com maior quantidade de áreas verdes se relacionam com a menor presença de ansiedade por parte dos moradores locais. A pesquisa também mostra que para esses problemas mentais, é preciso grandes zonas de vegetação. Locais menos arborizados têm menor influência nos casos. 

A análise psiquiátrica utilizou informações do banco de dados populacionais de São Paulo Megacity Mental Health Survey. E os dados de cobertura do solo foram coletados por ortofotos da região metropolitana da capital paulistana.

“O estudo resultou na conclusão de que indivíduos que vivem próximos a áreas verdes são menos afetados pelo transtorno de ansiedade. No caso da depressão, não foi possível relacionar os dados”, pontua Thais Mauad, coordenadora da pesquisa e professora associada do Departamento de Patologia da FMUSP.

A importância da pesquisa em países pobres

Mauad conta que outros estudos como esses já foram realizados no exterior, em países ricos. No entanto, essa foi a primeira vez que essa relação de dados foi feita no Brasil. É de extrema importância que essa análise ocorra em nações periféricas, já que o planejamento urbano e a gestão pública desses lugares são diferentes daqueles mais abastados.

Essa necessidade se vê diante da distribuição desigual de área verde nas grandes cidades brasileiras: as regiões ricas são sempre as mais arborizadas, enquanto bairros mais pobres têm menor cobertura vegetal. Além disso, a dificuldade de manutenção desses locais também é uma realidade: as zonas periféricas acabam sendo marginalizadas e recebendo menos investimentos e cuidados para manter esse espaço público. 

A associação de áreas verdes com locais suscetíveis a violência também é um fator para realização do estudo. Nos países marginalizados, praças e parques, muitas vezes, simbolizam zonas de perigo, ou seja, mais favoráveis a assaltos e crimes. Isso não ocorre em países ricos, onde parques, por exemplo, são símbolos de momentos de lazer.

O que falta para a melhora do planejamento urbano

“Vontade política de distribuir melhor as áreas verdes da cidade”, afirma Thais. Para otimizar a relação é necessário melhorar a gestão pública e direcionar corretamente o orçamento de urbanismo, a fim que as desigualdades encolham e que as regiões periféricas não continuem sendo vítimas de descuido e, consequentemente, de fragilidades psíquicas.

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