Em 2022 o curso de física médica foi oficialmente inaugurado na Universidade de São Paulo em uma parceria entre o Instituto de Física (IFUSP) e a Faculdade de Medicina (FMUSP). Apesar de ter se tornado uma opção apenas neste ano, o curso já estava sendo pensado há algum tempo, como contam Paulo Roberto Costa e Elisabeth Yoshimura, professores do IFUSP que estão envolvidos no projeto.
O planejamento de instaurar um curso exclusivo para essa área surgiu visto que já havia uma demanda de alunos que se interessavam pelo tema e utilizavam as aulas optativas como forma de se voltarem para a física médica de maneira mais específica. Mas, para saber se essa é a opção ideal de curso, é preciso entender o que a física médica é de fato.
A física médica é considerada um ramo da física, pois utiliza seus conceitos e os aplica em áreas da medicina. Dessa forma, os profissionais formados no curso aplicam seu conhecimento em física no aprimoramento da prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças. Mesmo assim, de acordo com a Organização Mundial do Trabalho, os físicos médicos são considerados profissionais da saúde. A intersecção de física e medicina trouxeram inovações muito importantes como o microscópio e o raio X.
“O médico cuida do paciente com seus conhecimentos sobre o corpo e as doenças enquanto o físico melhora o cuidado com seus conhecimentos sobre os fenômenos físicos que ocorrem também em seres humanos (sinais elétricos nos músculos, variações de temperatura em partes do corpo, transparência dos tecidos humanos a radiações diversas, entre outros.)”, explica Elisabeth sobre a união das duas ciências em uma só profissão.
No campi da Cidade Universitária, o curso é oferecido no período noturno e tem duração de cinco anos. A graduação é dividida em três módulos: o primeiro direcionado a formação básica nas áreas de física, computação, matemática e ciências biomédicas. Em um segundo momento, os estudantes cursam um módulo de aplicações médicas e, ao final, o estágio em ambiente hospitalar. Além disso, o curso possui parcerias com o Instituto do Câncer de São Paulo e o Instituto de Radiologia.
Ao terminar o bacharelado, os graduandos de física médica poderão seguir em diferentes áreas, sendo as principais radioterapia ou diagnóstico por imagem – denominadas áreas da física médica clínica –, e ainda podem optar por ramos da física médica acadêmica, na qual se dedicam a realização de pesquisas e desenvolvimento de novas técnicas.
O professor Paulo afirma que os estudantes que decidirem trilhar essa carreira devem ter afinidade com a parte das ciências exatas: “Os estudantes devem ter interesse não somente nos fenômenos físicos, mas no aprendizado de todo o ferramental matemático que permite sua compreensão em profundidade”. Para a professora Elisabeth, além do interesse nas duas áreas, outro aspecto também é importante: “Devem também gostar de trabalhar em grupo, pois o trabalho interdisciplinar e em saúde, principalmente, exige diálogo permanente entre os profissionais de várias especialidades.”
Faça um comentário