Um estudo do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP) demonstra como o estado de São Paulo está caminhando para a descarbonização e transição energética a partir do gás natural, mesmo sendo este um combustível fóssil.
Para Mariana Oliveira Barbosa, mestranda no Programa de Pós-Gradução em Energia (PPGE) pelo IEE-USP e autora da dissertação O estado de São Paulo rumo ao processo de descarbonização: principais drivers e a participação do gás natural, o estado de São Paulo é o “carro-chefe” no Brasil em relação à atenuação ou agravamento das mudanças climáticas. Isso se dá a partir da Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC), por exemplo, que defende, por meio de metas, a redução das emissões de gases de efeito estufa e a criação de diretrizes voltadas às áreas de atuação, inclusive a do setor energético.
Alvo de debates ao redor do mundo, o setor de energia se mostrou nocivo às metas de redução de emissões previstas no Acordo de Paris, por exemplo, visto que o número de emissões de gases de efeito estufa no setor aumentou quase 50 toneladas entre 1990 e 2020, de acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
Diante desse cenário, a transição energética é uma das principais temáticas discutidas a nível mundial e nacional. “É de extrema urgência que se reverta a tendência observada, principalmente nas últimas décadas, de aumento das emissões de gases de efeito estufa”, reforça Mariana.
A Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente revela que São Paulo é o maior consumidor nacional de gás natural, sendo a indústria paulistana responsável pelo consumo de 80% dos cinco bilhões de metros cúbicos de combustível. Esses dados corroboram o estudo, já que o setor industrial paulista é pivô e âncora dos investimentos de infraestrutura para gás natural no estado.
Levando em consideração a robusta infraestrutura do estado e sua potencialidade no consumo e produção de gás natural, a atual pesquisa de Mariana se debruça e busca comprovar a eficácia deste combustível como um energético de transição. Pesquisadora do IEE-USP e orientadora da pesquisa, Drielly Peyerl destaca que o trabalho segue duas linhas: uma no sentido de identificar como está o processo de descarbonização da matriz energética em São Paulo, e outra que analisa o papel do gás natural durante esse processo.
“Não adianta se pensar nos renováveis como uma solução única e fechada, elas são intermitentes. Elas têm algumas condições que a gente não consegue controlar. E para isso a gente pode pensar em outros combustíveis que não nos deixem na mão e que a gente consiga ter domínio”, explica Mariana, ao revelar a importância de se levar em consideração a segurança energética em concomitância a descarbonização e a transição de matriz.
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