Como resultado da tese de livre-docência do professor Alexandre de Freitas Barbosa, no dia 7 de outubro o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP proporcionou um seminário online para o lançamento do livro “O Brasil desenvolvimentista e a trajetória de Rômulo Almeida”.
Alexandre Barbosa, doutor em Economia Aplicada pela Unicamp, se juntou ao Instituto no ano de 2009, já possuindo uma reflexão sobre o tema do desenvolvimento na história brasileira, com um foco no campo do pensamento econômico social e político no Brasil, além de pesquisas envolvendo o mercado de trabalho e a desigualdade no país.
A atividade faz parte da sequência temática chamada Paralelos 22, organizada pelo IEB, que busca discutir o modernismo, o nacionalismo e o desenvolvimentismo no Brasil, em diálogo com os 100 anos da Semana de Arte Moderna de 22 e os 200 anos da independência do país.
Participaram do debate as pesquisadoras e pesquisadores do Núcleo “Repensando o Desenvolvimento”, Ana Paula Koury, Darlan Barboza, Larissa Alves de Lira e Vinicius Xavier, grupo que é coordenado pelo autor do livro e relacionado ao Laboratório Interdisciplinar do IEB.
Com a criação do programa Cátedras do Desenvolvimento pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e o oferecimento de bolsas para a escolha de patronos, houve um interesse imediato em pensar o desenvolvimento no Brasil através de Rômulo Almeida. Assim, estruturou-se um grupo de pesquisa no IEB para estudá-lo e rastrear sua história.
Ao longo do processo de pesquisa, ficou evidente como Rômulo estava no início do processo de desenvolvimento brasileiro, sendo chefe da Assessoria Econômica do governo federal em 1951, além de decisivo na criação do Departamento Econômico da Confederação Nacional da Indústria, entre tantos outros projetos.
Pelo fato de se colocar como um intelectual “praxista” — alguém de ações concretas na realidade que interpretava —,sua produção escrita foi consideravelmente menor, diferente de outros como Celso Furtado e Ignácio Rangel. Com isso, mesmo tendo uma influência tão vasta, os holofotes da história não caíram sobre ele. Como o próprio professor Alexandre Barbosa define: “é um nome que está em todas as notas de rodapé”.
“Rômulo parece ser o cara do quase (…), ou se antecipa muito ou chega um pouco depois. Quer dizer, é como se fosse um cara que parece perder o tempo da bola. (…) É um grande armador e driblador, sem dúvida, está em todas as jogadas, (…) mas não é o cara que faz o gol, e quem não faz o gol não é lembrado”, Darlan Barboza aponta, de maneira precisa, durante o lançamento do livro.
Com isso, além de dar palco para um personagem de certa forma relegado pela historiografia a respeito do desenvolvimento brasileiro, a trajetória de Rômulo Almeida permite ligações com outros intelectuais atuantes no período, possibilitando uma visão mais ampla sobre as linhas de força, alianças e conflitos presentes no processo. Ele funciona como guia para uma reflexão sobre como se pensou e praticou o desenvolvimento no período, e quais os motivos para que, após 1964, tenha se deflagrado uma ruptura.
OS IEBINÁRIOS
Para além da celebração dos 200 anos da Independência e do centenário da Semana de 22, o ciclo de palestras realizado pelo IEB em forma de “webinar” também celebra os 60 anos do Instituto.
Os eventos ocorrem semanalmente através das plataformas online do IEB, em decorrência da pandemia, e se propõem a debater temas que circundam essa conjunção de datas. Todos os IEBinários ficam gravados e disponíveis no youtube (www.youtube.com/iebuspvideos) e no site institucional (www.ieb.usp.br/iebinario).
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