Possível biomarcador para doença vascular rara é descoberto por cientistas

De acordo com o pneumologista William Salibe Filho, descoberta é um grande passo para dar continuidade aos estudos sobre a enfermidade

Foto: Wikimedia Commons

Após estudos desenvolvidos por cientistas, a Hipertensão Pulmonar Tromboembólica Crônica (HPTEC) provavelmente tem um biomarcador identificado. A pesquisa contou com diversos colaboradores, dentre eles representantes do Instituto de Química e do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

Em entrevista à Agência Universitária de Notícias, William Salibe Filho, médico da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração (InCor), define a HPTEC como uma doença vascular pulmonar rara relacionada a uma embolia pulmonar aguda. Nela, uma ou mais artérias são bloqueadas por um coágulo sanguíneo e, consequentemente, podem provocar sobrecarga na parte direita do coração. A respeito dos sintomas, ele afirma que os pacientes podem apresentar falta de ar – como consequência de esforço físico – e edemas nas pernas. 

Apesar da sua relação com a embolia pulmonar aguda, William conta que em parte dos portadores não se identifica essa característica, o que torna a suspeita mais comum pelo quadro de hipertensão pulmonar. 

Além disso, o médico ressalta que uma das principais consequências da doença é o remodelamento vascular promovido nos vasos sanguíneos. “Alguns artigos também descrevem um envolvimento inflamatório da doença, mas ainda não está claro todos os mecanismos fisiopatológicos envolvidos”, completa. Salibe alerta que o maior risco a longo prazo do desenvolvimento da HPTEC é a falência da parte direita do coração.

No processo de identificação do biomarcador, William ressalta que uma das maiores dificuldades foi o isolamento de células extraídas dos pacientes submetidos à cirurgia de tromboendarterectomia pulmonar, que faz parte do tratamento para a doença. 

“Após o isolamento, identificamos estas células como endoteliais, e as submetemos a estímulos que simulam a circulação do sangue nos pulmões. Foram avaliadas algumas proteínas já descritas previamente para doenças cardiológicas, mas que nunca tinham sido avaliadas na HPTEC”, descreve. Dentre as análises, o grupo encontrou alterações na proteína HSP70 (heat shock protein da família 70), importantes para regular algumas das funções celulares.

Mesmo considerando muito cedo para afirmar se a descoberta mudará algo na vida dos pacientes da doença, William afirma que essa primeira etapa foi muito importante aos estudos, pois ela abriu espaço para um novo passo: a procura in vivo. “A partir desta identificação nos pacientes, poderemos dizer se serão possíveis novas vias de tratamento, ou mesmo a identificação de um novo biomarcador da doença”, detalha.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*