Pesquisa realizada em dezembro de 2017 pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) revela que 22,7% da população brasileira é beneficiária de planos de assistência médica. Hospitais privados e médicos com convênios possuem cada vez mais peso no mercado. Nesse contexto, novas formas de cuidado medicinal ganham peso: a Medicina Integrativa.
Fábio Hariyama, em sua tese de doutorado pela Faculdade de Economia e Administração (FEA-USP), construiu um modelo de negócios que facilita a compreensão dos médicos perante às suas corporações.
Medicina Integrativa entende que relação entre o médico e o paciente é um fator fundamental. O paciente passa a ser importante para a sua própria saúde, deixando de receber passivamente o tratamento médico e atuando de forma direta, passando assim, a ser sua responsabilidade individual.
A interdisciplinaridade médica é um fato importante no cuidado das pessoas. Além de fazer uso da medicina convencional, a Medicina Integrativa faz uso de outros tratamentos, como práticas meditativas, relaxamento, técnicas respiratórias, uso de fitoterápicos e atenção plena. A ideia é trabalhar todas as áreas baseando-se em segurança e eficácia médica. O envolvimento de diversos setores médicos implica na construção de uma corporação com profissionais de vários setores.
O trabalho realizado por Hariyama permitiu que os profissionais envolvidos na corporação obtivessem conhecimento de seus negócios. Foi a partir da experiência que conseguiu, também, a formulação do objetivo principal: a consolidação do negócio inovador.
“Conseguimos organizar um pensamento estratégico do futuro dessa organização. As pessoas que participaram desse modelo, que não são da área de administração – ou seja, são os médicos, enfermeiros, psicólogos – conseguiram ter uma compreensão de gestão, do plano estratégico e da organização de maneira clara. Obtivemos um entendimento mais claro daquilo que havia como organização naquele momento e que se queria em um futuro mais próximo” evidencia o pesquisador.
Envolvimento da prática e da teoria
Para a sua pesquisa, Fábio Hariyama utilizou de um trabalho em consultoria para corporações de Medicina Integrativa que executava anteriormente ao estudo acadêmico. Por meio da mistura prática e teórica ele conseguiu obter um modelo eficaz que atendesse a um negócio inovador, utilizando o processo de aprendizagem de Kolb e do modelo de negócios de Osterwalder, também chamado de Business Model Canvas.
“Eu trabalhava com as organizações de Medicina Integrativa e, para estudá-las, avaliei qual seria a melhor forma. A metodologia que mais se encaixou nesse processo foi o Círculo de Kolb, justamente porque trata da experiência concreta para gerar uma observação e ter uma experimentação” afirmou.
O círculo de Kolb, criado por David A. Kolb, mestre e doutor pela Harvard University, é um modelo de representação para avaliar como as pessoas aprenderam. A teoria divide a aprendizagem em quatro estágios: experiência concreta, observação reflexiva, contextualização abstrata e experimentação ativa.
Para a criação da base das empresas, Hirayama utilizou o conceito “Quadro de modelo de negócios”. Criado durante a tese de doutorando de Alexander Osterwalder, é uma ferramenta de gerenciamento estratégico que contém um mapa visual com nove blocos do modelo de negócios.
De acordo com o pesquisador, o quadro facilita a compreensão por parte das pessoas que não têm conhecimento em economia e administração. “Ele ilustrou a lógica do conceito do modelo de negócios: como é que uma organização cria e captura valor negócio. A maior contribuição do modelo é permitir a compreensão rápida de como se cria e captura valor” revela.
Faça um comentário