Ao longo dos últimos dez anos, alunos de odontologia aprenderam sobre manobras e recursos que permitem ao profissional salvar vidas no caso de emergências médicas dentro do consultório do dentista, além de preveni-las. O Laboratório de Emergências Médicas em Odontologia e Suporte Básico de Vida (Leme) da Faculdade de Odontologia da USP, que tem como meta ensinar aos estudantes técnicas básicas de primeiros socorros e cuidados com a saúde, comemora uma década de existência em 2018.
O foco da disciplina ensinada no local é nas atitudes por parte do futuro profissional para aprender a reagir a essas ocorrências. Através de estudos que fazem os alunos relembrarem conceitos de fisiologia, morfologia, imunologia e farmacologia, as aulas buscam o aprimoramento da formação dos futuros dentistas. “Segundo o Medical Simulation Center do Rhode Island Hospital, ocorreu uma redução de 26,5% de erros médicos após a implantação de um centro de treinamento. É a repetição do treinamento que fará o profissional estar preparado para a emergência”, comenta o professor Oswaldo Crivello Junior, responsável pelo laboratório.
Com base no uso de bonecos, os mais de 500 estudantes que já passaram e ainda passam pelo Leme praticam não apenas atividades necessárias em momentos emergenciais, como a massagem cardíaca, mas também medidas cotidianas, como a aferição de pressão arterial, essencial para o correto cuidado de um paciente.
Alguns dos alunos que tiveram aulas no laboratório apresentaram depoimentos sobre a importância dos ensinamentos que tiveram ao longo da disciplina. Uma ex-estudante da Faculdade, Juliana Pedreira Silva, afirma que é um dever do profissional da saúde saber reagir em quadros de emergências. Além disso, a odontologista contou um caso pessoal no qual as aulas que teve influenciaram na sua vida.
“Antes mesmo de sair da faculdade, tive um engasgo sério. Uma colega minha de sala e do Leme realizou a manobra de Heimlich em mim”, conta, se referindo a um movimento ensinado durante as horas no laboratório que é frequentemente utilizado para desobstruir vias aéreas em casos urgentes. “Até hoje nós duas nos recordamos do caso”, completa.
De acordo com um estudo feito na Universidade Federal de Goiás, entre 2006 e 2015 foram registradas dezessete mortes em consultórios odontológicos, alguns dos quais tiveram como causa hipertensão, alergia e hemorragia. Se os dentistas responsáveis por esses pacientes tivessem participado de um curso como aquele oferecido no Laboratório de Emergências Médicas em Odontologia e Suporte Básico de Vida, o número de óbitos poderia ter sido menor.
E é nessa precaução que se baseia o professor Oswaldo Crivello Junior para defender a importância e manutenção das aulas de primeiros socorros na Faculdade de Odontologia. “A filosofia do Leme é a de conscientizar que o correto procedimento de anamnese, incluindo o estado de saúde do paciente, pode diminuir sensivelmente as incidências destes episódios”, comenta.
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