
Uma obra publicada em 1543 que, em cada uma de suas sete partes, se dedica a estudar partes específicas do corpo humano, detalhando os órgãos internos a partir de xilogravuras. Esse é De Humanis Corporis Fabrica, um livro de anatomia humana escrito por Andreas Vesalius, conhecido como o “pai da anatomia moderna”, e incorporado ao acervo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo em abril de 2024.
Antes da incorporação, a obra foi restaurada com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em 1996. Até o momento, o livro Crônica de Nuremberg, de 1493, é o mais antigo presente na Biblioteca do IEB, que contém mais de 250 mil volumes.
Daniela Piantola, supervisora técnica da Biblioteca do IEB, afirma que, ao longo dos anos, o Instituto sentiu a necessidade de ter setores especializados dentro da Biblioteca, o que ocasionou o surgimento do “Arquivo”, da “Coleção de Artes Visuais” e do “Laboratório de Conservação e Restauro”. Os novos setores permitiram que o Instituto de Estudos Brasileiros mantivesse obras raras entre suas coleções.
Piantola afirma que há casos em que pessoas desejam doar coleções inteiras para o Instituto, o que geralmente ocorre através das famílias de artistas que já morreram, como no caso da cantora Inezita Barroso, ou apenas peças únicas. Na última situação, o Instituto analisa a doação para refletir se ela pode ser incorporada, por conta do espaço limitado.
Diálogos com público e Institutos
No caso de De Humanis Corporis Fabrica, a supervisora técnica afirma que “a situação de incorporação foi inusitada, já que o pedido ocorreu a partir de outra Biblioteca, a do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB)”. No caso da Biblioteca do ICB, a necessidade de transferir a obra surgiu a partir da falta de elementos que poderiam preservá-la, como alarmes, e da falta de acesso do público à obra.
De humanis corporis fabrica chegou ao Brasil através de Alfonso Bovero, professor da Faculdade de Medicina da USP e fundador do Museu de Anatomia, o qual foi posteriormente incorporado ao ICB.
Além do ICB, a introdução de novos acervos ao IEB também dialoga com outros Institutos. É o caso de obras que passam pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) para serem irradiadas por Cobalto-60, descontaminando objetos da ação de fungos, bactérias e insetos xilófagos (cupins e brocas).
O conjunto de livros que estudam a anatomia humana também será incorporado à Biblioteca Digital do IEB, que disponibiliza digitalmente algumas das obras do acervo. “Muitas pessoas que vêm aqui [ao IEB], outros bibliotecários, falam ‘a Biblioteca Digital do IEB é muito importante para nós’ e eu acho isso muito legal”, afirma a supervisora técnica.
Piantola também diz que, apesar do grande número de obras digitalizadas, é necessário que o projeto continue avançando.
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