
Em fevereiro de 2024, o pesquisador Rodrigo Cesar Pedro apresentou sua dissertação de mestrado ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia Experimental e Aplicada às Zoonoses da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP. Orientado pela professora Simone de Carvalho Balian, Rodrigo buscou identificar microrganismos patogênicos e relacioná-los com a segurança dos alimentos comercializados em eventos de massa.
Para tal, foi coletada durante a pesquisa alimentos consumidos em diferentes eventos de massa. Na amostra, o esquisador buscou identificar e relacionar a presença de Salmonella, Listeria, Campylobacter (conhecida como Campilobacteriose) e Vibrio com o tempo de exposição do alimento ao consumo.
Em 188 amostras analisadas, não houveram resultados positivos para Salmonella, Campylobacter ou Vibrio. O único patógeno que foi identificado na amostra foi a Listeria, com 29 amostras positivas (15,4%), sendo que fornecedores que não estavam em conformidade com a segurança dos alimentos possuem os maiores índices de contaminação.
A Listeria monocytogenes é causadora da listeriose humana, uma doença invasiva. A infecção causada por esta doença está associada a altas taxas de hospitalizações e óbitos, podendo causar encefalite, meningite e septicemias. Os principais sintomas da listeriose são hipertermia, cefaleia, rigidez no pescoço, náusea e, em gestantes, a doença pode provocar aborto ou nascimento prematuro.
“A Listeria permanece como o maior desafio nas indústrias de alimentos. A bactéria pode sobreviver sob uma condição ambiental adversa e superar vários tipos de estresse, como inativação por calor, e pode persistir na superfície de contato com alimentos”, explica Rodrigo.
Apesar dos resultados da pesquisa terem retornado positivos apenas para a Listeria, os demais patógenos analisados também devem ser analisados e tratados com a mesma importância. “Essa questão dos resultados não terem apresentado a presença dos demais patógenos foi um espanto, mas pode estar relacionada aos tipos de alimentos analisados. Porém, sabemos da relevância, no ponto de vista da saúde pública, da ingestão de alimentos contaminados por Salmonella, Campylobacter ou Vibrio”, esclarece o pesquisador.
Ainda sobre a bactéria, na porção analisada por Rodrigo as amostras de Listeria apresentaram altas taxas de resistência aos antibióticos penicilina, oxacilina e fosfomicina e resistência intermediária a clindamicina, cefotaxima e ceftriaxona. “Essa resistência de bactérias a antibióticos ocorre por conta do mal uso ou do uso em excesso desses medicamentos antibacterianos. As bactérias causadoras de doenças, com a alta exposição, produzem mutações para aumentar suas chances de sobrevivência”, explica o cientista.
Rodrigo ainda enfatiza a importância de inspeções regulares e regulamentações rigorosas dos alimentos comercializados em eventos de massa, visto que o maior número de amostras contaminadas foram de fornecedores que não estavam em conformidade com a segurança dos alimentos. Além de um controle mais atencioso à manipulação dos alimentos e ao controle de temperatura, tanto no armazenamento quanto durante a exposição dos alimentos antes do consumo.
Faça um comentário