Pesquisa investiga como calçado e posição da barra influenciam diretamente no equilíbrio e performance em atletas de powerlifting

Eduardo Saramago, doutorando da EEFE, busca entender os fatores que impactam o desempenho performático e muscular no agachamento de atletas da modalidade

Eduardo Saramago (ao centro) no Campeonato Mundial de Powerlifting na Lituânia em 2024. O atleta também coordena pesquisa sobre a modalidade. Foto: Arquivo pessoal

O agachamento é uma das principais provas do powerlifting, modalidade que exige a máxima força do atleta para apenas uma repetição. Motivado pela prática e como pequenos ajustes podem fazer toda a diferença no desempenho, Eduardo Saramago, doutorando da Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE), conduz o trabalho que avalia como o posicionamento da barra nas costas e o tipo de calçado utilizado influenciam variáveis biomecânicas cruciais para o equilíbrio durante esse exercício. A pesquisa tem como principal objetivo, fornecer orientações específicas para melhorar a performance de atletas de alto rendimento e, consequentemente, prevenir lesões na prática da modalidade.

O powerlifting é uma modalidade de força em que atletas competem para levantar a maior carga possível em três movimentos: agachamento, supino e levantamento terra. Entre eles, o agachamento é o primeiro e mais técnico, sendo considerado um dos movimentos que mais exigem equilíbrio postural. “Baseado no desempenho esportivo dos atletas, minha ideia é alcançar a melhor aplicação dos posicionamentos da barra e do modelo do calçado, aumentando a performance de acordo com cada indivíduo” , destaca Saramago, responsável pelo projeto.

Eduardo Saramago (à esquerda) coordena sua pesquisa com a ajuda de voluntários no laboratório da EEFE (Foto: Arquivo pessoal)

Com o apoio de voluntários praticantes da modalidade, sua investigação foca em como o tipo de calçado – específico para levantamento de peso com uma plataforma de cerca de 2,7 cm ou plano – pode influenciar a estabilidade durante o movimento. Além disso, ele estuda o impacto do posicionamento da barra, se em uma posição alta – normalmente na vértebra C7 – ou baixa, sobre o centro de pressão, e o controle postural. Essas escolhas podem alterar significativamente o recrutamento muscular e o torque nas articulações, o que interfere diretamente na capacidade de executar o movimento de forma eficiente.

Calçado com salto – cerca de 2,7 cm de plataforma – (à esquerda) e calçado plano (à direita) que são utilizados no processo (Foto: Divulgação)

Eduardo ainda conta com um equipamento de monitoramento tecnológico, que auxilia na captura das imagens para que possam ser identificados cada movimento dos voluntários em toda a execução do movimento, reproduzindo a técnica nos computadores em 3D. Essa parte, é o complemento essencial para o andamento do projeto, para que desta forma seja possível chegar aos resultados esperados de acordo com o posicionamento da barra e o uso do calçado mais adequado para cada atleta observado.

Voluntário equipado no laboratório da EEFE para a captura das imagens visando a reprodução das imagens em 3D (Foto: Arquivo pessoal)

Por mais que o foco da pesquisa esteja totalmente direcionado para atletas de alto rendimento, Eduardo enxerga em sua pesquisa pontos que podem também ser essenciais para praticantes de quaisquer atividades físicas que envolvem força, o que reforça a importância do exercício físico no cotidiano da população. “O treino de força pode melhorar a capacidade muscular do indivíduo, trazendo a prevenção de lesões, e o estímulo físico a modalidades além do powerlifting.”

O pesquisador ressaltou como espera que seu trabalho possa cativar mais pessoas tanto para a prática de atividades físicas, quanto para o esporte que pesquisa e pratica. “O principal fator [social] está no consumo deste conteúdo pelos profissionais da educação física, para que possam aplicar seus conhecimentos na sociedade em geral”, comenta Saramago, reforçando a importância de que os resultados possam ser aplicados na prática, fora do laboratório da EEFE, onde executa seu projeto de pesquisa. 

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