Faculdade da USP está em segundo lugar entre os países do Sul Global em geografia econômica

Diretor de núcleo de economia regional fala sobre a relevância de pesquisadores capacitados para a criação de medidas governamentais

Imagem: [Acervo Pessoal / Diego Coppio]

A Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP está em segundo lugar nas melhores instituições de pesquisa em geografia econômica entre os países em desenvolvimento, segundo o portal IDEAS/RePEc. O ranking analisa o período de abril de 2024. Alguns professores da faculdade também se destacaram, como Eduardo Amaral Haddad, docente e diretor do Núcleo de Economia Regional e Urbana da USP (Nereus). Em entrevista para a Agência Universitária de Notícias, Amaral Haddad conversou sobre a importância da instituição para o cenário regional.

O ranking leva em conta todas as publicações na plataforma RePEc (Research Papers in Economics), a maior estrutura online de publicação no campo da economia. Um braço do projeto, o IDEAS, organiza e cataloga os artigos, livros e working papers dos pesquisadores e das instituições da plataforma, o que gera os dados necessários para o ranqueamento. São considerados acessos nas publicações, citações, downloads e entrevistas realizadas com os próprios acadêmicos.

A FEA-USP ficou em 40º lugar no ranking global para geografia econômica. Entre os latino-americanos, ficou atrás apenas do Banco de la República, na Colômbia (top 31 global). Para os pesquisadores da área, o único brasileiro entre os 10% mais bem colocados foi Eduardo Amaral Haddad, na posição 47 mundial. Isso coloca a instituição em segundo lugar e o pesquisador em primeiro entre todos os países em desenvolvimento ou do Sul Global. 

Também chamada de economia regional ou ciência regional, a Geografia econômica trabalha com a aplicação de conceitos na realidade e no dia a dia. “Toda a teoria acontece em um ponto, numa cabeça de alfinete; a gente coloca isso no espaço”, afirma Amaral Haddad. Professor titular da FEA e presidente da Regional Science Association International (RSAI) durante 2021 e 2022, Eduardo credita o sucesso da instituição em geografia econômica ao seu grupo de pesquisa, o Nereus, e a sua atuação na economia dos desastres.

A ciência regional teve grande relevância durante o enfrentamento da crise da Covid-19. Logo após o início do lockdown, o Plano São Paulo foi criado pelo governo paulista para auxiliar no processo de retomada da economia. Eduardo integrou o Conselho Econômico, com a tarefa árdua de prever os impactos das medidas do governo. O trabalho do professor, com auxílio do Nereus e do Banco de la República, foi o primeiro a criar um modelo de cálculo dos efeitos de diferentes medidas de controle da doença na economia regional em todo o mundo. Em maio de 2020, o professor chegou a estar entre os 10 autores mais baixados do mundo na RePEc.

Na recente crise do Rio Grande do Sul, Eduardo e outros pesquisadores foram convocados pela Comissão Temporária Externa do Senado para apresentar informações pertinentes à reconstrução econômica do estado. “Em momentos assim, precisamos de alguém com evidências para tratar de maneira científica essas questões concretas”, afirmou o professor. Para Amaral Haddad, a faculdade é constantemente acionada como uma forma de consultoria para auxiliar na criação de políticas públicas e capacitar as medidas do governo.

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