Prática de natação pode auxiliar na prevenção e controle de doenças renais

Estudo com ratos mostrou impacto positivo da prática em portadores de doenças renais agudas e crônicas

Imagem: Pixabay

Um estudo conduzido na Escola de Enfermagem (EE) da USP avaliou a prática de exercícios físicos aquáticos em ratos como forma de prevenção e controle de doenças renais agudas e crônicas.

Maria de Fátima Fernandes Vattimo, docente do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da EE, vice-diretora da unidade e líder da pesquisa, explica à Agência Universitária de Notícias que a doença renal crônica é irreversível e degenerativa, ou seja, o indivíduo não adquire novamente as funções normais após o diagnóstico, enquanto a doença renal aguda é caracterizada por um quadro súbito, mas reversível.

“Antibióticos, anti-inflamatórios, quimioterápicos, contrastes e mais recentemente a Covid-19 podem causar doença renal nas pessoas, então é muito importante compreender a dinâmica dessa patologia”, comenta Maria de Fátima.

A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório Experimental de Modelos Animais da EE, o único instalado em uma escola de enfermagem no Brasil, em parceria com pesquisadores da Faculdade de Medicina (FM), da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE), da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), do Instituto do Coração (InCor) e da Universidade Federal de  São Paulo (Unifesp).

O estudo utilizou modelos experimentais em ratos para induzir a doença renal aguda e crônica nos animais, por meio de métodos cirúrgicos ou com uso de medicamentos. No modelo de doença crônica também foi feita a indução de diabetes. Como ressalta Maria de Fátima, todos os procedimentos seguiram os princípios éticos de manuseio de animais, que evitam o sofrimento animal, pois, segundo a especialista, ainda não é possível substituir totalmente a prática nessa área de pesquisa.

Após a instalação da doença nos ratos, a pesquisadora buscou implementar intervenções que possam melhorar o quadro geral do animal, com o objetivo de verificar o impacto na função renal.

Uma das intervenções experimentadas foi um modelo de treinamento aeróbico moderado, essencialmente a natação. “Colocamos ratos diabéticos para nadar e avaliamos o quanto esse treinamento impacta, de fato, na redução da morbidade da doença renal”, explica a docente.

Os resultados foram animadores: “Embora não seja novidade que o exercício físico ajuda no controle de diabetes e doenças renais, a atividade física como terapia não-farmacológica suprimiu a morbidade da doença crônica nas análises”, diz Maria de Fátima. Também não havia consenso sobre qual tipo de atividade seria mais indicada para os rins, e a natação se mostrou positiva nos parâmetros de oxidação e de marcadores inflamatórios do sistema renal.

Como esclarece a pesquisadora, a supressão da morbidade da doença renal crônica é essencial para postergar ou mesmo eliminar a necessidade de transplante ou diálise. “Com isso, é possível melhorar a qualidade de vida e diminuir os gastos públicos em saúde, conservando a saúde dos pacientes”.

Exercício na prevenção de doença renal

Além de estudar a atividade física como terapia em animais já doentes, a pesquisa também testou o impacto de exercícios aquáticos previamente ao surgimento de condições debilitantes.

Maria de Fátima explica que os ratos que praticavam natação antes de ficarem doentes desenvolveram quadros menos graves de doença renal e mostraram melhor recuperação. “O animal treinado na natação antes e depois da doença é praticamente igual ao animal sem doença renal, então de fato o exercício tem essas características protetoras da doença renal crônica e aguda”.

“Sabemos que os benefícios dessa prática exigem uma mudança de comportamento, nem todas as pessoas aceitam bem a prática de atividade física. Mas se você trouxer um modelo de exercício mais próximo do que é possível para o paciente, isso contribuirá para seu bem-estar, sobrevida e melhor convívio com a doença”.

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