Pesquisador do IGc/USP desenvolve trabalho relacionado com o tema cavernas dentro de escolas

O ano de 2021 foi designado como o Ano Internacional das Cavernas e do Carste pela União Internacional de Espeleologia e mesmo com a pandemia pesquisador continua com trabalho que desenvolve desde 2018

O Parque Turístico do Alto do Ribeira (Petar) é repleto de cavernas com salões grandiosos e é uma das mais importantes Unidades de Conservação do mundo. (Reprodução/ Acervo Daniel Menin)

Daniel Menin, espeleólogo e doutorando do Instituto de Geociências, desenvolve um projeto composto por três fases que irá produzir formação de professores com base em materiais de caráter paradidático para alunos de escolas do Vale do Ribeira e medir resultados.

Há três anos, desde o lançamento de um livro para o público infantil chamado “Dizem que toda caverna é assim”, elaborado por Daniel e pela professora da Unesp-Araraquara Luciene Regina Paulino Tognetta, ele procurou se aprofundar nos reais impactos que o caráter interdisciplinar da espeleologia pode exercer sobre o estudo básico de crianças em processo de alfabetização e até mesmo adolescentes com maior tempo de vivência no ambiente escolar.

A falta de possibilidade de estudo presencial nas escolas de ensino básico durante a pandemia foi um dos maiores desafios educacionais de diferentes profissionais, independentemente de suas especialidades. Os primeiros passos para o aprendizado infantil é, sem dúvida nenhuma, a experimentação. Algo essencial, mas que pelas circunstâncias da pandemia de Covid-19 foi eliminada quase que completamente da rotina dos pequenos.

Pegos de surpresa

Certamente, uma grande dúvida surgiu nos educadores de todo o mundo e ela foi sendo relacionada principalmente a como contornar esses problemas que afetaram drasticamente as crianças da primeira infância. Isso complicou ainda mais a execução adaptada dos processos realizados por professores e demais colaboradores das escolas. Esse ambiente, depois do núcleo familiar, é um dos mais importantes para socialização das crianças de até seis anos de idade.

Uma publicação-relatório da Human Rights Watch, de 11 de junho de 2021, que teve o objetivo de enaltecer a crise educacional relacionada aos desafios impostos pela pandemia, constatou que o Brasil fracassou no enfrentamento do enorme impacto na educação durante a crise sanitária. O ensino online se tornou urgência em meio a uma completa guerra entre favoráveis e contrários às paralisações das diversas atividades sociais, incluindo a educação particular e pública.

Nesse período, crianças e adolescentes foram privados de irem aos seus colégios e também a outros espaços públicos. A curiosidade delas pela ciência e ambientes naturais aumentou muito, surpreendendo até mesmo os pais e educadores. Situações inexplicáveis, que ainda exigem bastante esforço e experiências para gerarem conclusões científicas, despertam um extraordinário interesse nos estudantes que começam a ter os primeiros contatos com as áreas da matemática, história, física e tantas outras exigências da aprendizagem presentes na Base Comum Curricular.

A preocupação do educador e das famílias

Segundo Irene Damas, professora de educação básica infantil, os materiais didáticos ofertados para os alunos nem sempre colaboram no aprendizado. Em entrevista à AUN, ela ainda comentou que o ensino de vocabulário e gramática de Língua Portuguesa para crianças em época de alfabetização foi o mais complicado durante a paralisação dos colégios.

Disse isso embasada nos comentários dos pais e familiares dos alunos que afirmaram que seus filhos ainda não aprenderam a ler. “As atividades relacionadas às datas comemorativas durante o ano de 2020 foram as mais atrativas para as crianças, porque foram as mais fáceis de serem trabalhadas junto com as famílias. Elas foram criadas para unirem músicas, cantigas, fotografias, vídeos, poesias aliadas a alguns conteúdos”, explicou.

A falta do convívio escolar, além da preocupação familiar com relação à prevenção do contágio do vírus e a adoção desse modelo diferente de ensino, é uma evidência de como a vulnerabilidade econômica de famílias pode favorecer a descredibilização dos pais em relação à dedicação aos estudos de seus filhos. E isso ocorre desde os momentos iniciais dessas crianças nos seus colégios. Paralelamente, os pais e educadores começam a revelar um mundo cheio de curiosidades aos pequenos.

A pandemia abalou a continuidade da pesquisa, mas tudo ainda segue de pé

Menin que também é graduado em Propaganda e Marketing na Universidade Presbiteriana Mackenzie, fundador do site TerraSub Espeleologia e Educação, e como citado, doutorando do Instituto de Geociências da USP, mantém essa pesquisa em geoconservação de Cavernas em UC (Unidades de Conservação). Ele decidiu utilizar os alunos do ensino básico das escolas de cidades da região do Vale da Ribeira, no sul do estado de São Paulo, onde se localiza o Petar (Parque Turístico do Alto do Ribeira) para o projeto.

“Os próprios relevos e cavernas cársticas do Petar são caracterizados por estarem em terrenos compostos por rocha calcária”, lembrou o pesquisador. Esse local que foi considerado patrimônio mundial da humanidade pela Unesco é também muito rico para o estudo espeleológico. Um ambiente que Daniel conhece muito bem há vários anos, por isso, decidiu elaborar seu doutorado com uma linha de pesquisa que beneficie a população estudantil dos principais colégios das cidades onde o Petar se encontra.

“O acúmulo e junção de conhecimentos dessa vertente científica das geociências, com certeza pode ser bem utilizado como incremento na formação dessas crianças e jovens, proporcionando assim, novas visões do mundo a esse público”, diz Menin.

Essas novas informações são importantes para as crianças que estão ou já passaram por essa fase do ensino adaptado por conta da pandemia. Representam um grande acolhimento ao propósito de uma educação continuamente pautada na atualização. Além de colaborarem com a educação pública, são a verdadeira essência que o trabalho de Daniel propõe e no realmente que acredita.

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