Ação em comunidades amplia conhecimento em saúde pública

Por meio de atividades participativas, moradores discutem soluções para problemas locais

Alto número de animais soltos nas ruas pode ocasionar acidentes e trazer riscos à saúde | Foto retirada do site Pixabay

O conceito One Health (Saúde Única) consiste em integrar a saúde humana, animal e ambiental, observando e tentando entender o que uma influi na outra.

Com base nesta concepção, Arnaldo Rocha, pesquisador da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), desenvolveu uma pesquisa-ação, que visava ampliar a educação sobre saúde pública em comunidades menos favorecidas do estado de São Paulo. A ideia era inserir os moradores e fazê-los participar, desde a escolha dos temas a serem discutidos, até as propostas de estratégias de mudança.

Mesmo após a finalização da tese, Arnaldo Rocha, que é também professor do Centro Universitário FMU, manteve as ações realizadas como projeto de extensão denominado “Universidade Aberta de Saúde única”. Esse é desenvolvido com alunos e busca ser abrangente, podendo participar qualquer pessoa que solicite. As comunidades participantes das ações são Batistini, localizada em São Bernardo do Campo, e Palmeiras, no município de Suzano.

Entre os problemas previamente observados nas comunidades, havia o alto número de animais soltos circulando pelas ruas. Apesar deles ficarem nas residências sendo alimentados, e atenderem aos chamados de seus tutores, nem sempre os moradores se consideram responsáveis por eles, deixando portões abertos para que saiam livremente. Além de cães e gatos, outros de maior porte, como vacas e cavalos, também transitam pelos espaços. Tal fato pode ocasionar acidentes com automóveis e trazer riscos à saúde pública devido à possibilidade de transmissão de doenças pelas fezes contaminadas nas ruas.

Ao cuidar do animal, protege-se o homem e, ao olhar para a saúde humana, vê-se também como a pessoa cuidará do meio ambiente e dos animais; por fim, ao cuidar do ambiente, homens e animais são beneficiados.

Esclarecer e instruir

O objetivo é conscientizar os moradores sobre as suas responsabilidades individuais para alcançar melhorias que favoreçam a todos. Por outro lado, apesar do pesquisador ter observado alguns problemas centrais, quem escolhe os conteúdos a serem debatidos são os próprios moradores. Além do tema, decidem também como discutirão o assunto, ou seja, qual técnica de educação será utilizada. Entre as escolhidas, usaram dramatização para falar sobre drogas na sociedade, desenvolveram cartilhas em conjunto para abordar problemas referentes à água, criaram mapas falantes para explicar ratos, baratas, escorpiões (animais sinantrópicos), entre muitas outras.

O pesquisador conta que obteve apoio de diversos grupos dentro das comunidades, como associações de moradores de bairro, associações assistenciais e até mesmo de diretores das escolas públicas. Os alunos levavam convites para que seus pais participassem das ações. “A ideia era uma educação inclusiva para quem não está tendo escola”, completa o pesquisador.

Rocha diz ser uma estratégia que funciona e acredita que resultados efetivos aparecerão com o tempo. Ir diretamente a um grupo de pessoas, perguntar o que elas sentem em relação ao problema e definir estratégias em grupo para combater os impasses é importante para que haja progresso. “É diferente de eu ir lá e decidir fazer uma palestra verticalizada, de cima para baixo, colocando ‘goela a baixo’ o que eu vejo que seja importante para eles”, finaliza o educador.

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