Pesquisa da Faculdade de Medicina, utilizando dados fornecidos pela vigilância Epidemiológica do Centro de Referência e tratamento de DST/Aids, analisou 25.693 indivíduos com notificação para Aids entre os anos de 1980 a 2014 e idade entre 14 a 25 anos em São Paulo. De 1989 a 2004, a pesquisa evidenciou mais notificações de Aids em homens heterossexuais.
A prevenção do HIV está relacionada à conscientização das pessoas em relação a prevenção. Com isso, o estudo buscou entender quais gerações apresentavam maior taxa de incidência de Aids, bem como o comportamento desses grupos. A pesquisa também buscou identificar fatores históricos que demonstrem aspectos relevantes na evolução dos índices de incidência de Aids.
A Aids, sigla em inglês para a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é uma doença causada pelo vírus HIV, que fragiliza o corpo através da perda progressiva da imunidade. A baixa da taxa de linfócitos CD4, células importantes que ajudam na defesa imunológica do organismo, é característica da doença e diminui a capacidade do portador da Aids de defender-se de infecções.
Foram avaliadas quatro gerações distintas: baby boomer (nascidos de 1945 a 1963), Geração X (nascidos de 1964 e 1979), Y (nascidos de 1980 a 1989) e M (nascidos de 1990 a 2003). Concluiu-se que pessoas do sexo masculino de todas as gerações representavam cerca de dois terços dos casos de Aids notificados. Mais da metade das ocorrências foram em pessoas autodeclaradas brancas.
O autor do estudo, Wagner da Silva Alves, relata que o maior achado se deu ao analisar a incidência da doença no período de 1989 a 2004. “Quando eu olho a faixa etária completa e começo a segmentar por categoria de exposição – homens heterossexuais, homens que fazem sexo com homens e homens bissexuais – de 1989 até 2004, ao contrário do que se achava, os homens heterossexuais eram o que tinham mais incidências de notificações de Aids”. Wagner ressalta que as políticas públicas não se dirigiam a todos os grupos acometidos pela Aids nesse período, tendo um foco menor em homens heterossexuais. “O governo não olhava para os homens heterossexuais, então as campanhas de prevenção eram voltadas, basicamente, para homens que faziam sexo com homens”, comenta.
O estudo concluiu que as chances de uma pessoa ter um novo caso de Aids são menores que a da década passada, e que homens têm quatro vezes mais chances de ter a doença que mulheres. Além disso, o fator escolaridade não interferiu nos resultados, ou seja, independente do grau de instrução, as chances de um indivíduo com HIV evoluir para Aids são as mesmas.
Segundo a pesquisa, as políticas públicas promovidas pelo Governo Federal e o Governo do Estado de São Paulo não se refletiram nos números do estudo: o generalismo das campanhas e o enfoque em períodos festivos e sazonais, como o carnaval e dia mundial do combate a Aids, tendem a fragilizar as ações de contenção do vírus HIV. O estudo diz que os indivíduos necessitam ter uma noção de pertencimento à população de “risco” para que haja conscientização e mudança de comportamento.
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