A qualidade e a avaliação dos serviços de saúde ganham cada vez mais relevância na literatura científica

Escola de Enfermagem da USP já produziu mais de 90 trabalhos sobre o assunto — e outras dezenas estão em andamento

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A avaliação da qualidade dos serviços é um tema que vem ganhando notoriedade nos meios de atuação do profissional de saúde. Embora tenha origem em conceitos industriais de medição da qualidade dos produtos, a avaliação dos serviços é muito mais que um diferencial competitivo para instituições públicas e privadas: é, também, um tópico essencial no que se refere à promoção da saúde e da segurança do paciente.

A importância dessa temática ficou mais que explícita após um relatório publicado nos Estados Unidos em 1998, intitulado Errar é Humano: construindo um sistema mais seguro de saúde. O livro-relatório revelou que entre 44 e 98 mil pessoas morriam, todos os anos, por conta de erros de profissionais de saúde, e serviu de aviso para órgãos de promoção da saúde do mundo todo. Com esse impacto internacional, a publicação reforçou a importância de reconhecer o cenário preocupante dos erros nos serviços e de pensar em intervenções estruturais para esse tipo de erros.

É nessa trajetória que ocorre a atuação do grupo de pesquisa Qualidade e Avaliação dos Serviços de Saúde, sediado na Escola de Enfermagem da USP. “O que queremos é que as pesquisas não fiquem apenas no plano teórico, modificando e melhorando as condições de trabalho dos serviços de saúde”, afirma Marta Melleiro. Completando dez ano em 2017, o grupo, liderado por Marta Melleiro e Daisy Tronchin, conta com membros de diversas áreas da saúde enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêuticos e outros profissionais.

Ao falar de uma das teses de doutorado desenvolvida por um membro do grupo em 2015, intitulada Avaliação do evento queda de paciente no âmbito hospitalar: um estudo de caso, Daisy comenta: “A relevância dessas pesquisas consiste nos desdobramentos que elas originaram”. Na tese, a pesquisadora Suzana Bianchini elaborou, a partir do monitoramento do evento queda no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, um novo protocolo de queda para o hospital, além de ter aperfeiçoado um folheto informativo junto a um pedagogo e à equipe de design da instituição.

Uma outra dissertação de mestrado do grupo, dessa vez de autoria de Flavia Fratezi, estuda a atuação dos Centra-Dia para idosos. Esses centros são uma alternativa promissora de atenção integral que se baseia na promoção da saúde, na prevenção de agravos, na recuperação e na reabilitação, permitindo ao idoso um processo ativo de envelhecimento. O objetivo do estudo era descrever e validar as atividades desenvolvidas nos Centro-Dia a partir das dimensões da saúde, participação, segurança e educação, permitindo subsidiar, assim, a avaliação da qualidade da atenção ao idoso nessas instituições. Ainda na temática da saúde do idoso, a gerontóloga do grupo Jeane Quintans elaborou, em seu mestrado, um estudo que buscava compreender a percepção dos idosos sobre o atendimento nas unidades básicas de saúde.

Em seus dez anos de existência, o grupo já desenvolveu 8 teses de Doutorado, 2 pós-doutorados, 17 dissertações de Mestrado, 18 trabalhos de iniciação científica e 51 artigos em periódicos especializados, além de muitos outros trabalhos científicos apresentados em congressos nacionais e internacionais. Uma dessas dissertações é a da pesquisadora Ariane Pimenta, que avaliou a qualidade de registros do Processos de Enfermagem (PE) nos prontuários eletrônicos do Instituto de Câncer do Estado de São Paulo. Os resultados da pesquisa, porém, foram além da avaliação da qualidade dos serviços, resultando na atualização do manual da instituição de como fazer o registro eletrônico.

Metas Internacionais de Segurança do Paciente
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As professoras explicam sobre as agências acreditadoras de serviços, que são órgãos que fazem a avaliação de uma instituição de saúde e definem se essa cumpre os padrões de qualidade propostos pelo órgão tornando-a, assim, uma instituição acreditada. Um dos resultados mais evidentes do processo de acreditação é o aumento da confiança dos usuários: “As instituições querem transparência, porque isso faz com que os usuários não só a procurem, mas confiem nela”, fala Daisy. São observados, porém, muitos outros resultados. Um exemplo é a frequência com que os profissionais de saúde passam a registrar eventos adversos em suas condutas, como queda do paciente, perda de sonda, taxas de infecções, entre outros.

Também participantes do grupo, as enfermeiras Aline Braga e Mileide Pena produziram suas teses de doutorado sobre hospitais acreditados. As pesquisadoras objetivavam verificar a performance dos indicadores antes e após a acreditação, e como a comunicação interna interferia nos processos de trabalho dessas instituições.

Além de acompanharem todas as publicações científicas já citadas, Marta e Daisy atualmente trabalham na elaboração do livro Qualidade e Segurança nos Serviços de Saúde, que tem previsão de publicação no primeiro semestre de 2018.

O link abaixo é um folheto explicativo das metas internacionais de segurança do paciente — entre elas, figuram itens como Higienizar as mãos com frequência para evitar infecçõesMelhorar a comunicação entre profissionais de Saúde.

Metas Internacionais de Segurança do Paciente

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