Por Victoria Damasceno – damascenovictoria@gmail.com
A educação à distância está se tornando a opção mais viável para o acesso aos estudos para grande parte da população brasileira. A cada dia cresce o número de alunos que optam pela EaD para realizar a graduação e a pós-graduação. Segundo a Hoper Educação, a estimativa é que em 2017 o Brasil tenha cerca de 2 milhões de alunos matriculados estudando dentro desta modalidade, matriculados na rede privada.
Para a pesquisadora da Faculdade de Educação, Bárbara Peres Barbosa, porém, faltam iniciativas de tecnologias específicas para esta modalidade, as chamadas Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC). Ela afirma que existem produções relacionadas às tecnologias bem como as outras áreas do conhecimento, porém “aquelas voltadas para questões educacionais de educação a distância são bem poucas”.
A pesquisadora explica que muitas plataformas online de cursos de graduação presenciais se assemelham àquelas usadas na EaD, mas possuem o propósito de enriquecer a experiência de ensino e aprendizagem, enquanto na educação a distância ela é a única forma de relação entre os professores, tutores e alunos.
A plataforma online, porém, oferece uma grande flexibilidade de horários em comparação com os cursos presenciais. Mariana Neves, aluna de graduação do programa de Educação à distância da Universidade Anhembi Morumbi, optou por fazer o curso de Marketing dentro desta modalidade pela flexibilidade que o curso oferecia.
Naturalmente paulistana, Neves havia acabado de se mudar para o Rio Grande do Sul quando precisou iniciar seus estudos na faculdade. Na expectativa de poder voltar a morar em São Paulo, ela optou pelo curso a distância, de forma que quando voltasse para a capital paulista pudesse manter seus estudos.
Porém, mesmo depois de voltar para São Paulo, a estudante preferiu permanecer nesta modalidade. “A possibilidade de poder fazer as minhas aulas em qualquer horário do dia me fez preferir fazer a distância”, afirma Mariana.
Esta escolha também agradou seu bolso. A estudante afirma que se tivesse escolhido ir para a sala de aula, a diferença entre o valor pago por ela e o valor do curso presencial, certamente seria um fator que pesaria na sua escolha. “Pago uma mensalidade de 239 reais, com mais 25% de desconto. Se tivesse optado pelo curso presencial, seria mais difícil de pagar.” Uma pesquisa realizada pelo instituto Hoper Educação confirma a afirmação da estudante. Em alguns casos o valor da EaD chega a ser um terço do custo médio dos cursos presenciais.
Com um custo tão inferior, a expectativa é que o curso seja também de baixa qualidade. Mas Neves conta que a plataforma online possui todas as tecnologias que ela precisa. “Tenho as vídeo aulas, resumos, além do e-book e material didático disponível, então para a minha necessidade acho que é suficiente”, conta a estudante que está cursando o oitavo semestre da graduação.
Porém, a pesquisadora critica que estas tecnologias não são suficientes para um espaço de aprendizado em que a única forma de interação entre professores, tutores e alunos é a online.
Embora estejam cercados por este tipo de tecnologia no dia a dia, elas pouco alteram a dinâmica de interação do curso estudado. “Na prática o que ocorre é uma imitação das dinâmicas que ocorrem em salas de aula presenciais”, conta Barbosa, ao afirmar a necessidade de transformação na postura dos docentes, como a inserção de atividades à distância e a produção de materiais digitais de aprendizagem.
A pesquisadora aponta como uma possível resolução uma formação inicial e continuada para esses profissionais, mas afirma que as instituições dificilmente estão preparadas para “receber” esses alunos. “As instituições de ensino não estão preparadas para o atendimento de massa pretendido para a modalidade, disponibilizando recursos incompatíveis ao número de alunos atendidos”, afirma.
Os problemas encontrados se relacionam principalmente com a infraestrutura de tecnologia do planejamento da EaD, que, segundo a pesquisadora, é ultrapassada em função da velocidade das transformações tecnológicas. Mas, ressalta também, a baixa qualidade dos materiais didáticos disponíveis.
Para Barbosa, o maior desafio consiste em reduzir a ênfase dada a tecnologia, “como se ela, por si só, pudesse ser responsável pela melhoria da democratização e qualidade da educação”.
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