Por Diogo Magri – dmagri07@gmail.com
São comuns os casos de mulheres fisicamente ativas que, por conta da gravidez, param com os exercícios e não os retomam no pós-parto. São exemplos como estes que a professora da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, Monica Takito, procura evitar ao estudar a prescrição de exercícios para gestantes. Segundo ela, o gasto energético aumentado devido à gestação faz com que o equivalente metabólico da mulher altere ― essa variação determinaria as modificações corretas para se fazer na indicação de atividades para a grávida.
O equivalente metabólico (MET) é uma forma de tentar quantificar o exercício. “O consumo de oxigênio que temos quando dormimos é um dos indicadores para saber o quanto estamos gastando de energia ― esse gasto energético em repouso nós chamamos de ‘basal’. O equivalente metabólico é o quanto, por exemplo, uma atividade de caminhada a 3km/h representa do basal”, explica Monica. Se a caminhada representa três vezes o consumo em repouso, ela tem o valor de três METs; isso é o equivalente em relação ao basal.
Durante a gestação, a produção de mais energia, fundamental para o desenvolvimento do feto, e o ganho de peso, poderiam alterar o equivalente metabólico de certos exercícios. O gasto energético durante uma caminhada para uma gestante no terceiro trimestre é diferente do gasto de uma mulher não-gestante que realiza a mesma caminhada. Baseado nesses dados, “o objetivo [da pesquisa] foi definir se a forma de prescrever exercícios para gestantes pode ser a mesma, pensando na variação de necessidade de oxigênio, de peso e de calorias exigidas”, diz a professora.
A indicação de atividades físicas para a gestante é dependente da condição física e individualidade biológica da pessoa. Caso a gestante seja alguém fisicamente ativa, ela não deve buscar uma melhora da aptidão física durante a gravidez, mas é possível, com as adaptações corretas, se manter o mais saudável possível. Se a mulher for sedentária, também se pode alcançar um condicionamento melhor, mesmo na gestação ― tudo só precisa ser feito de forma controlada e progressiva, de modo que ela também consiga manter no pós-parto.
“Temos que tomar alguns cuidados. Existem adaptações necessárias e exercícios contra-indicados para esse período”, reforça a pesquisadora. O supino, por exemplo, por exigir uma posição não recomendada e uma sobrecarga abdominal, é um deles. Outros exercícios de força podem precisar de uma apnéia respiratória (movimento em que se prende a respiração para levantar algo pesado), que também pode ser prejudicial para o feto. No entanto, atividades de forças não são necessariamente menos recomendadas que outras: “Novamente, depende do nível de treinamento da pessoa. Se ela é treinada no crossfit, pode ajustar a carga e o tipo de treino dela.”
Monica também afirma que as grávidas costumam melhorar seus hábitos de saúde na gestação, influenciadas pelo desejo de ter um bebê saudável. “Elas já costumam diminuir o tabagismo e se alimentar melhor, nossa função é apenas estimulá-las.” E volta à questão que a incomoda: “A gestação implica em adaptações, e o destreinamento é uma delas. Muitas mulheres interrompem treinos quando engravidam, reduzindo o nível de atividade física. Caso não tenha nenhum risco e ela ainda assim resolva parar, ela vai ter prejuízos, dificultando o controle de ganho de peso, por exemplo. Pausar a atividade física na gestação é tão ruim quanto ser fisicamente inativa.”
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