Por Giuliana Viggiano – viggiano.giuliana@gmail.com
Em parceria com a Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, a mestre pelo Instituto de Biociências da USP (IB-USP), Nathana Malagolini, utilizou camundongos para estudar as influências da luminosidade e da temperatura no relógio biológico dos mamíferos. “Nosso objetivo era tentar elucidar o efeito da temperatura e da luz no relógio biológico dos mamíferos e se esses fatores o afetam de forma direta ou indireta?”, questiona Malagolini.
Primeiramente, é preciso explicar o que é o relógio biológico. A pesquisadora conta que ele é o responsável por sincronizar o organismo, ou seja, criar uma rotina para a liberação de hormônios, enzimas e outras substâncias. A importância de estudar esse mecanismo fica esclarecida no seguinte exemplo: alguém que precisa tomar determinado medicamento deve se assegurar de que, na hora da ingestão, os receptores da substância estarão funcionando. “Não adianta tomar um remédio que tem efeito de quatro horas às 8 horas se o receptor do corpo só estará sintetizado às 15 horas”, exemplifica Malagolini, que completa: “Todo o metabolismo está interligado ao relógio biológico”.
A pesquisadora isolou células da pele de camundongos os expôs a diferentes tipos de luz e temperaturas. Como resultado Malogolini observou que: “A luz não é capaz de sincronizar o relógio periférico diretamente. Já a temperatura foi capaz de sincronizar a expressão do gene”, ou seja, as células expostas a diferentes temperaturas passaram a ter o mesmo período de funcionamento, enquanto as outras, não.
Ao concluir isso, o estudo passou a focar nas formas indiretas de ação da luz. Para tal, Malagoni separou células específicas de tecidos dos animais, e concluiu que, indiretamente, a luminosidade influencia no relógio biológico. “O mais relevante é que observamos grandes diferenças estatísticas entre as espécies dos animais, ou seja, os que tinham um grupo particular de canais foi influenciado pelas mudanças de luz, enquanto os que não tinham, não foram”, afirma a pesquisadora.
Para ela, a grande importância de seu trabalho é o fato de ele trazer à luz as influências da temperatura, pois isso não havia sido estudado antes. Além disso, Malagoni diz que busca intrigar a academia: “Descobrimos que essa influência existe, agora precisamos buscar como isso acontece”.
É importante ressaltar que a pesquisa não tinha a pretensão de encontrar aplicações diretas: “Essa é uma pesquisa básica, ou seja, é um estudo que oferece informações para as pesquisas aplicadas”.
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