USP cria Centro de Estudos Palestinos

No dia 16 de outubro de 2024, foi inaugurado o CEPal na Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas

Ato no Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino em São Paulo - Imagem: Reprodução/Camila Mai

Há pouco mais de um ano, no dia 7 de outubro de 2023, ocorreu uma ação de ataque do grupo armado, Hamas, sobre diversas localidades israelenses, que fazem fronteira com a Faixa de Gaza. O governo de Israel estima que 1.200 pessoas tenham sido mortas. As ações de Israel, que são ditas retaliação ao ataque, já deixaram mais de 41 mil mortos apenas em Gaza, segundo a ONU.

A questão palestina gera debates há décadas. Contudo, no último ano, a intensificação da guerra e do genocídio levaram o mundo a voltar seus olhos novamente à Faixa de Gaza.

Para Carolina Ucha, militante do PSOL, da Comissão Internacional do Movimento Esquerda Socialista, e membra da Frente Palestina de São Paulo, a defesa do povo palestino sempre foi um dos princípios da esquerda brasileira e mundial. Contudo, desde o 7 de outubro, o debate tornou à ordem do dia, deixando de ser uma pauta constante apenas aos movimentos sociais relacionados a esta questão. Ela coloca, também, que a formação da opinião pública sobre a pauta passou por dois momentos no último ano: inicialmente, a forma como as notícias chegavam à população, levava ao entendimento de que Israel buscava apenas retaliar o Hamas; contudo, as redes sociais e mídias independentes, protagonizados pela própria população de Gaza fizeram a denúncia de que toda a população do território estava sendo assassinada, com bombardeios a escolas, hospitais e a morte de mulheres e crianças.

A questão gerou episódios de perseguição política e também, cobrança até mesmo à Presidência da República. A deputada estadual do Rio Grande Do Sul, Luciana Genro (PSOL), foi levada à Comissão de Ética da Assembleia Legislativa de seu estado em 17 de outubro do ano passado por defender publicamente a resistência palestina. O presidente Lula, em fevereiro de 2024, demonstrou abertamente a solidariedade ao povo palestino, comparando o massacre ao Holocausto.

Campanha pela Palestina Livre feita pelo Movimento Esquerda Socialista do PSOL – imagem: reprodução/Camila Mai

As discussões sobre o tema não pararam por aí, principalmente dentro das universidades. A Universidade de São Paulo (USP) sediou diversos eventos de solidariedade e de organização social pela pauta, além de várias manifestações que buscavam o rompimento acadêmico com as universidades israelenses.

Luciana Genro no Ato Político em Solidariedade ao Povo Palestino na FFLCH-USP 09.11.2023 – imagem: reprodução/Rebeca Meyer

A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP), desde a década de 1940, oferece o curso de árabe. Com os anos, foi consolidado o Centro de Estudos Árabes na Faculdade. Contudo, com o objetivo de reunir o acúmulo que a Faculdade tem e os pesquisadores especializados no tema, em 27 de junho de 2024 foi aprovada a criação do Centro de Estudos Palestinos (CEPal), sob a direção da professora de História Árabe do Departamento de Letras Orientais da FFLCH, Arlene Clemesha.

Arlene Clemesha – Imagem: Leonor Calasans/IEA-USP

A docente relata, em entrevista para à Agência Universitária de Notícias (AUN), que a fundação do novo Centro de Estudos teve grande receptividade pela comunidade USP. Arlene coloca que até mesmo quem não esteve engajado na causa palestina demonstra satisfação com este novo espaço de reflexão, e entende que assim, a Universidade pode também colaborar com este debate. Dentre os projetos, o CEPal pretende realizar palestras e cursos com participação nacional e internacional de pesquisadores, além de manter parcerias com Universidades palestinas.

“Nos últimos 25 anos, houve um longo avanço sobre este tema” afirma a professora, que destaca o papel das redes sociais no aumento de informações sobre a questão e causa palestina. Contudo, ela diz que ainda é cedo para definir qual o real reflexo dos acontecimentos do último ano na percepção da sociedade geral sobre o tema, considerando as distorções proporcionadas pela cobertura de parte da grande mídia.

Foto: Astral Souto/ Serviço de Comunicação Social FFLCH USP

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