Direito promove debate sobre economia do conhecimento

Seminário reúne especialistas para discutir os desafios e o potencial da inovação no desenvolvimento econômico do Brasil

Faculdade de Direito. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Em outubro, a Faculdade de Direito da USP (FD) realizou o seminário “A Economia do Conhecimento”, título da obra homônima de Roberto Mangabeira Unger, que reuniu grandes nomes para discutir o papel do conhecimento e da inovação no crescimento econômico do Brasil. Coordenado pelos professores Lucas Amato e Alessandro Octaviani, da própria FD, o evento contou com a participação de Silvio Crestana (ex-diretor-presidente da Embrapa), Ladislau Dowbor (economista e professor da PUC-SP) e João Amato Neto (professor da Escola Politécnica da USP e da Fundação Vanzolini), além do autor do livro.

Roberto Mangabeira Unger, autor da obra central do seminário, iniciou sua fala com uma crítica à disseminação limitada da economia do conhecimento no Brasil. Ele argumentou que, embora essa nova economia tenha o potencial de revolucionar a produtividade e reduzir desigualdades, ela ainda está restrita a nichos específicos e não gerou impacto amplo no País.

Mangabeira também destacou o desequilíbrio do modelo econômico brasileiro, que é centrado na exportação de matérias-primas, como soja e minério de ferro, enquanto produtos de alta tecnologia são importados. Segundo ele, isso gera um descompasso na balança econômica e limita o desenvolvimento de uma base produtiva mais avançada.

Por fim, o professor abordou a necessidade de reverter o impacto ambiental de práticas predatórias, como a pecuária extensiva, que contribui para a degradação de grandes áreas do território. Ele defendeu que a economia do conhecimento deve incluir um projeto de recuperação física do Brasil, transformando áreas degradadas em regiões produtivas. Além disso, ressaltou o desafio de atrair uma base social e cultural diversa para esse novo projeto nacional, com um foco regionalizado para fortalecer a economia do conhecimento em todo o País.

Silvio Crestana destacou o papel estratégico do Brasil, com sua biodiversidade, recursos hídricos e posição de destaque na produção de alimentos e energia. Apesar desse potencial, Crestana apontou a falta de um propósito claro para canalizar essas riquezas e destacou o dilema entre a liderança na produção de petróleo e a transição para energias renováveis.

João Amato Neto, por sua vez, sublinhou a importância de uma transformação estrutural para o crescimento do País. Ele mencionou que o Brasil dispõe de instituições como a Embrapa, Senac e Sebrae, prontas para impulsionar a inovação. No entanto, Amato frisou a ausência de um projeto estratégico que mobilize esses recursos de maneira inclusiva e sustentável. “Nossa missão é garantir que essa nova economia alcance cada região e indivíduo, promovendo uma prosperidade que faça sentido para o Brasil como um todo”, afirmou.

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