Documento detalha medidas de promoção da agricultura urbana para combater a fome

Estudo realizado a partir da análise de seis capitais brasileiras traça estratégias de promoção da saúde por meio da alimentação saudável

A agricultura urbana, para além de fornecer produtos para escolas públicas, hospitais e prisões, ajuda a reduzir significativamente as emissões de carbono. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Instituto Escolhas, publicou no dia 25 de abril desse ano, um policy brief intitulado de Promoção da Saúde e a produção de alimentos nas cidades. O estudo faz uma relação entre o panorama da saúde e do consumo alimentar das populações de seis capitais, espalhadas entre as cinco regiões do país: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Belém (PA), Curitiba (PR) e Distrito Federal (DF). 

Mayra Barata, doutoranda na Faculdade de Medicina da USP (FM) e pesquisadora contribuinte na elaboração do policy brief — documento sucinto, pautado por questões enfrentadas pelos tomadores de decisão no dia a dia, baseado em pesquisas científicas atuais — conta que a parceria entre as instituições ocorreu como resposta à necessidade de ampliar o diálogo entre a promoção da saúde e a produção de alimentos nas cidades.

Como foi feito

De acordo com a especialista, o documento foi desenvolvido a partir de dados disponibilizados pelo IBGE e pelo Ministério da Saúde. O Censo Agropecuário de 2017 foi utilizado como base para realização do levantamento de dados sobre a produção de alimentos e a análise do potencial nas áreas urbanas. Além disso, utilizaram a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) e a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS).

Para a caracterização em saúde, foi realizada, também, a identificação e descrição de aspectos relacionados aos fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis e a prevalência delas nas populações das cidades ou dos estados. “Em relação ao consumo alimentar, foram identificadas as variáveis pertinentes nas pesquisas, cujas informações foram agrupadas de acordo com os seguintes temas: marcadores de alimentação saudável, marcadores de alimentação não saudável e segurança alimentar e nutricional e aquisição alimentar”, completa a pesquisadora.

Empecilhos para o combate à fome

O policy brief apresenta recomendações para melhorar a eficácia da relação entre produção local de alimentos e estratégias de promoção da saúde por meio da alimentação saudável. No entanto, segundo Mayra, isso só ocorrerá após a regularização fundiária das áreas produtivas, a garantia de políticas públicas duradouras para apoio técnico e financeiro aos agricultores urbanos e a melhoria da logística de escoamento e distribuição dos alimentos produzidos. “É preciso conectar melhor a produção local com consumidores, especialmente em áreas vulneráveis, para garantir que esses alimentos sejam acessíveis a quem mais precisa​”, afirma.

A especialista garante que o documento revela dados importantes sobre o atual estado de saúde e de consumo de alimentos das capitais analisadas. De acordo com ela, uma das formas de aumentar a disponibilidade de alimentos frescos, saudáveis e acessíveis, é a promoção de produção urbana e periurbana de alimentos. Isso deve contribuir para o combate à fome, visto que irá reduzir custos de transporte e comercialização e, consequentemente, baratear os alimentos para os consumidores finais.

“Além disso, a criação de hortas comunitárias e programas de incentivo à produção local tem o potencial de gerar renda para as pessoas em situação de vulnerabilidade social, promovendo, assim, a segurança alimentar e nutricional”.

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