Métricas e indicadores da sociobiodiversidade são discutidas em encontro de iniciativa do G20

Encontro do fórum internacional definiu os “Altos Princípios da Bioeconomia”, com destaque para a apresentação de formas de medição da sociobiodiversidade de uma região

Professora Maria Sylvia Saes (esq.) na Iniciativa do G20 sobre Bioeconomia [Imagem: Acervo Pessoal / Maria Sylvia Saes]

“Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”. É com este lema que o Brasil assumiu a presidência do G20 em 2024, pela primeira vez na história, e definiu uma importância maior para temas como desenvolvimento sustentável, combate à desigualdade e transição energética. 

Os temas de discussão dos encontros do G20 são divididos em trilhas, grupos de trabalho e iniciativas — uma delas, a bioeconomia. Trata-se de um conceito antigo que, de modo geral, busca o uso sustentável dos recursos da biodiversidade, bastante utilizado em discussões sobre a transição energética e descarbonização. Em setembro, ocorreu o quarto encontro do fórum para a discussão do tema, quando foram definidos os Altos Princípios da Bioeconomia, que olham o tema a partir da valorização da sociobiodiversidade. Além da sustentabilidade, esse viés preza pela inclusão social e equidade entre os povos tradicionais, buscando a consonância com as agendas energética e climática.

Maria Sylvia Macchione Saes, professora do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP (FEA), esteve presente no encontro e acredita que tratar a temática pelo viés da inclusão social é um ganho para o Brasil. Na ocasião, a professora — que coordena o grupo de pesquisa Bioeconomia — tratou sobre a complexidade de se estabelecerem métricas da sociobiodiversidade. “Precisamos descer no nível das comunidades para entender o que está acontecendo no local, e nos questionar sobre como medir se a renda está sendo compartilhada, ou sobre como se determinada ação está sendo biodiversa”, explicou Saes. Segundo a pesquisadora, os indicadores devem considerar as perspectivas de indivíduos e comunidades e uma avaliação qualitativa das cadeias de valor.

Foram estabelecidas quatro dimensões de análise: a social, que trata da participação da comunidade, mulheres e jovens nas tomadas de decisões, em como essas decisões são adotadas; a econômica, que aborda a equidade, o compartilhamento da renda; a ambiental, em questões como a biodiversidade e resiliência de um território; e a governança, que é como as redes se organizam e interagem. “Estamos pensando em como as organizações sociais se relacionam com a comunidade, em como a comunidade se organiza. Uma das métricas, por exemplo, é analisar se, internamente, as ações coletivas estão gerando bens comuns e externalidades positivas”, explicou Saes. 

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