Especialistas alertam para uma possível explosão nos casos de dengue em novas regiões do planeta após mudanças na temperatura criarem um clima mais favorável à proliferação dos insetos vetores. Além da mudança de fatores climáticos como sazonalidades de temperaturas e chuvas, o avanço da urbanização também contribui para o aumento de casos da doença e de outras patologias tropicais.
Regiões como o sul da Europa e dos Estados Unidos já apresentam problemas reais que podem favorecer o desenvolvimento de mosquitos transmissores de doenças tropicais como o Aedes aegypti. Para o pesquisador e especialista em parasitologia, Lincoln Suesdek, “a situação epidemiológica já está montada”, visto que o mau gerenciamento de resíduos sólidos e do saneamento básico também são fatores importantes no desenvolvimento dos insetos.
Suesdek – em parceria com o projeto Cidades Globais, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP) – desenvolve um estudo que busca entender melhor a influência de fatores ambientais na infestação de mosquitos Aedes aegypti e outros mosquitos considerados ‘urbanos’, responsáveis pela transmissão de doenças como dengue, febre amarela, zika e chikungunya.
Segundo o pesquisador, as cidades que podem vir a ser focos de epidemias causadas por qualquer uma dessas doenças precisam se preparar para evitar a proliferação dos insetos vetores a partir de mudanças na maneira com que são pensadas as cidades, pois não podemos pensar no aquecimento global como causa isolada no crescimento de casos: “Temos junto com isso outros fatores, problemas de urbanização desordenada, de crescimento da população humana, e por consequência, problemas de crescimento do consumo e lixo residual”, afirma.
O especialista também já produziu outras pesquisas junto à Universidade, como o estudo publicado na revista PLoS Neglected Tropical Diseases, onde aponta que o aumento na temperatura global amplia a área de distribuição de quatro vírus transmitidos por mosquitos no Brasil: o Oropouche (OROV), o Mayaro (MAYV), o Rocio (ROCV) e o vírus da encefalite de Saint Louis (SLEV).
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