Acervo da cantora Inezita Barroso aprofunda a visão de Brasil caipira

Além do arquivo musical, Fundo reúne a pesquisa científica executada por Barroso, que foi professora universitária

Antonio Rodrigues Filho e Inezita Barroso (1972) [Foto: DOmínio público]

Quase 10 anos após a morte de Inezita Barroso, seu acervo artístico e acadêmico chega ao Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP. Discos, artigos e correspondências da sertaneja fazem parte da coleção documental que, acolhida pelo IEB, valoriza a cultura caipira e possibilita estudos musicais como fonte para pesquisadores e amadores consultarem.

Barroso, formada em Biblioteconomia pela USP em 1940, documentou 60 anos da própria trajetória em álbuns ilustrados. A doação do patrimônio foi proposta em 2018 por sua filha, Marta Barroso, e mediada por Aloízio Milani e Alexandre Pavan, jornalistas que acompanharam seus últimos anos de vida e foram consultores da Ocupação Inezita Barroso (Itaú Cultural de São Paulo).

Inezita Barroso apresentou o programa Viola, Minha Viola, da TV Cultura, por 25 anos. [Foto: Domínio público]
O Fundo Inezita Barroso reúne seus anos de pesquisadora, apresentadora, instrumentista, professora, atriz e radialista. Flávia Camargo Toni, professora do IEB, afirma ser “um acervo sobre a carreira e sobre a criação, que pode ser explorado através de várias linhas de força: as fotos podem ilustrar a mulher e seus tempos; os programas, a história das instituições; as partituras, a pesquisa de repertório”.

Toni explica que Inezita “conheceu desde os LPs 78 RPM até o que ainda temos como super moderno, como a digitalização do som” – hoje, a discografia está disponível para o público em streamings online e em suportes como CDs e DVDs. O conteúdo original continua preservado em fitas cassetes, slides, discos de vinil, discos em goma laca e partituras, que serão restaurados pela equipe do Laboratório de Conservação e Restauro.

O legado de Barroso

Inezita Barroso foi premiada ao longo de toda a carreira, reconhecida pelo trabalho no cinema, na música e na academia. Em 1955, ganhou os prêmios Saci e Governador do Estado pela interpretação no filme Mulher de Verdade. Na década de 1980, foi nomeada doutora Honoris Causa em Folclore Brasileiro. Em 2010, recebeu o célebre Troféu APCA pelo Grande Prêmio da Crítica em MPB.

O Prêmio Inezita Barroso, criado em 2016 pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), escolhe anualmente a figura mais influente da música caipira. O sertanejo que lidera a indústria fonográfica nacional diverge de suas origens simples, e o movimento de resgate à imagem de Barroso visa o maior reconhecimento do subgênero chamado de “raiz”.

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