Trabalho em grupo pode beneficiar o aprendizado individual de alunos

Professora emérita da Universidade de Stanford apresenta métodos pedagógicos para promover a equidade e a excelência no ambiente escolar

Professora Rachel Lotan, no Centro de Pesquisa Educacional da Universidade de Stanford [Imegm: Reprodução/Facebook/Stanford Historical Society]

No dia 17 de junho, a professora Rachel Lotan, ex-diretora do Stanford Teacher Education Program da Universidade de Stanford, nos EUA, palestrou no Instituto de Estudos Avançados da USP sobre sua pesquisa no campo da formação de professores, onde busca construir salas de aula equitativas e democráticas. Lotan apresentou resultados de sua pesquisa que culminaram no Complex Instruction, método pedagógico desenvolvido com o objetivo de promover a participação dos estudantes e professores em sala, melhorando o aprendizado através de um ambiente mais justo e igualitário.

A professora enfatiza que aprender é uma atividade social, emotiva e cognitiva, e destaca a importância da interação entre indivíduos no ambiente escolar. “Quanto mais o estudante participa, mais ele aprende. Por isso devemos fornecer uma participação equitativa”, afirma. Ela defende que a responsabilidade compartilhada é essencial para que os alunos ajudem uns aos outros no processo de aprendizagem.

Na pesquisa, foi cunhado o termo “status” para se referir a dois fatores que dividiram os alunos no ambiente escolar: o status acadêmico, sob o qual os alunos definiam quem era mais inteligente e capaz em determinadas matérias; e o status social, onde os estudantes mais populares eram melhor recebidos do que os estudantes mais tímidos.

Os alunos eram organizados em pequenos grupos, visando homogeneizar as características mais marcantes dos indivíduos, nivelando os diferentes “status” para que todos pudessem participar na resolução de problemas simples. Os professores são incentivados a considerar as relevâncias sociais, raciais e étnicas dos estudantes, planejando cuidadosamente os grupos e sabendo intervir quando surgissem “problemas de status”.

“Um ‘status’ alto gera uma expectativa alta, e o mesmo acontece para um ‘status’ baixo”, explica. Por isso, o objetivo do professor é intervir para que os estudantes com baixo “status” também sejam ouvidos pelo grupo, e possam colaborar na formação de soluções.

O educador é orientado a não intervir de maneira a resolver o problema proposto, mas de um modo que incentive a colaboração dos estudantes entre si. Lotan enfatiza a diferença entre o professor participar da atividade e delegar autoridade, na qual a segunda opção trazia um aumento na quantidade de interações entre as crianças, o que beneficiava no seu aprendizado.

A pesquisa demonstrou que em um ambiente participativo, no qual cada aluno é incentivado a colaborar com base nas suas habilidades já existentes, é possível ver um aumento significativo na qualidade do aprendizado e no crescimento individual de cada estudante. Segundo Lotan, esse método traz benefícios como um melhor domínio do conteúdo, maior desenvolvimento intelectual e envolvimento produtivo, além da construção de relacionamentos de confiança e apoio.

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