Correntes elétricas são capazes de melhorar sintomas negativos da esquizofrenia

Pesquisa da USP estuda estimulação transcraniana para melhora da perda de funções em pacientes esquizofrênicos

Fotomontagem sobre funcionamento cerebral - Arte: Ana Júlia Maciel

Pesquisa feita no Laboratório de Neurociência do Instituto de Psiquiatria (IPq) do  Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FM) usa corrente elétrica contínua para inibir ou ativar diferentes áreas cerebrais de pessoas com esquizofrenia. O estudo trata de uma técnica que modifica a atividade do sistema nervoso central sem intervenção cirúrgica. 

A estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC), ou tDCS (em inglês), é uma forma não invasiva de tratar quadros neuropsiquiátricos, proporcionando poucos efeitos colaterais. “Ela tem dois polos de estimulação, negativo e positivo, e isso faz com que possamos estimular ou inibir diferentes áreas cerebrais. Ela modifica a taxa de disparo neuronal dos neurônios mudando a circuitaria cerebral”, pontua Leandro Lane, médico e pesquisador do artigo. 

Lane explica que a técnica de ETCC é estudada para melhorar os sintomas negativos de esquizofrenia. Essas são as funções perdidas com o transtorno, como afetividade, socialização, e vontade de realizar tarefas. Os positivos são aqueles ganhos com o transtorno mental: alucinações auditivas e delírios. Geralmente, os pacientes possuem os dois tipos de sintomas, mas o uso de remédios ajuda exclusivamente nos positivos, não impactando nos negativos, que também afetam a qualidade de vida dos doentes. 

Imagem de eletrodos utilizados na estimulação – Foto: Marcos Santos/ USP Imagens

Benefícios da tecnologia

O uso de non invasive brain stimulation (Nibs) torna-se necessário, pois é uma maneira de tratar estes sintomas negligenciados pelo tratamento químico. A técnica torna-se ainda melhor por possuir poucos efeitos colaterais, que são de baixa intensidade: o formigamento por alguns segundos após ligar o equipamento e a vermelhidão na pele por alguns minutos. 

A sigla Nibs é usada, neste caso, pois com o avanço da neurociência, surgiram cirurgias implantadoras de eletrodos. Esse modelo de tratamento é muito usado em distúrbios de movimento, como o parkinson, alguns casos de TOC e dores crônicas. No entanto, a proposta do estudo é se desvencilhar da intervenção cirúrgica e, mesmo assim, conseguir melhorias no caso clínico.

Difusão da tecnologia

“A ETCC para uso no Brasil ainda está em fase de pesquisas. Apesar de termos demonstrado que possa ajudar nos sintomas negativos, faltam estudos para avaliar outros parâmetros como numero de sessões e tempo de uso”, diz Lane. No entanto, a Anvisa já autorizou o uso de algumas destas máquinas no país. 

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