Publicada no último número da revista Atmospheric Pollution Research (Pesquisa de Poluição Atmosférica), a pesquisa sobre aerossóis e seus efeitos óticos sobre o Pantanal brasileiro provém de uma parceria entre o grupo de pesquisa Física e Meio Ambiente, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Física Ambiental da Universidade Federal do Mato Grosso, e o Laboratório de Física Atmosférica da USP (LFA).
O objeto de estudo da pesquisa são os aerossóis e sua relação com a atmosfera do Pantanal. Os aerossóis são partículas muito pequenas dispersas em um meio gasoso. Essas partículas podem ser líquidas, como nos desodorantes aerossóis, ou sólidas, como é o caso da fumaça proveniente de queimadas, por exemplo. O estudo quantifica as propriedades ópticas dessas partículas, ou seja, o quanto elas espalham ou absorvem a radiação solar, neste caso, na região pantaneira.
Com contribuições há mais de 10 anos de pesquisas científicas sobre o bioma, que se encontra principalmente na região centro-oeste do Brasil, a parceria entre o grupo Física e Meio Ambiente e o LFA possibilitou um melhor aprofundamento nos estudos atmosféricos da região, com enfoque nos impactos dos aerossóis e sua influência nas outras características do Pantanal, como a flora, a fauna e o clima.
O grupo de estudos da USP já tem se dedicado a investigar o bioma amazônico, por sua importância nacional e internacional, e questões como a relação dos aerossóis com as precipitações da região. “Nesse sentido, questões interessantes foram levantadas sobre o Pantanal, tais como: Será que a atmosfera do Pantanal se assemelha às regiões da Amazônia? As queimadas regionais, ocorridas na estação seca, também impactam o Pantanal como impactam a região desmatada ao Sul da bacia Amazônica? Qual a influência dos aerossóis sobre o bioma Pantaneiro? Essas questões estimularam a parceria de ambos grupos de pesquisa, fortalecendo a cooperação e as campanhas de medidas”, conta Rafael Palácios, um dos colaboradores do estudo.
As queimadas são um fator importante da análise, pois são uma fonte de emissão de partículas aerossóis na atmosfera do bioma. Em relação aos dados analisados, é preciso dar destaque à informação de que eles diferem quando se encontram no período seco e no período chuvoso. No período de seca dessa região há um número considerável de queimadas que ocorrem por ação humana, aumentando assim o número de aerossóis emitidos. Rafael explica que, de acordo com a pesquisa, o espalhamento da radiação solar aumenta cerca de 86% e a absorção em torno de 80% durante a estação seca.
”Esse resultado pode ser interpretado como um alerta para os possíveis efeitos das queimadas locais e regionais, pois a influência constatada, magnitude dos processos de espalhamento e absorção, certamente influenciarão os processos que ocorrem na superfície que necessitam de radiação solar”, explica. “Entre esses processos podemos citar a eficiência da vegetação em fazer fotossíntese (alteração no balanço de carbono) e o efeito na transpiração da vegetação, o que pode influenciar a quantidade de água que a vegetação libera para a atmosfera”.
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