Entrada do Brasil no Cern anima comunidade científica brasileira

Com sua entrada na Organização Europeia para Pesquisa Nuclear, como país associado, Brasil recebe vantagens econômicas e desenvolvimentistas à comunidade da ciência e tecnologia

Corredor do LHC (Grande Colisor de Hádrons) Cern [Imagem: Max Braun em Flickr]

A Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, o Cern, é o lar do maior acelerador de partículas do mundo e desenvolve várias tecnologias que fazem parte da vida contemporânea, como o protocolo WWW e o touch screen. Apesar de contar com grandes laboratórios e estruturas de alta qualidade, o Cern oferece aos países membros muito mais do que aparato material.

Fundado em 1954, o Cern promove estudos sobre o funcionamento básico do Universo e o desenvolvimento de tecnologias a partir das descobertas provenientes dessas pesquisas. Sua sede se localiza em Meyrin, região da fronteira entre França e Suíça. Ele é mantido com a contribuição financeira de 23 países europeus, e mais recentemente, também com a contribuição de países associados. 

LHC (Grande Colisor de Hádrons) - Cern
LHC (Grande Colisor de Hádrons) – Cern
[Imagem: Nikolaus Geyrhalter Filmproduktion]
O Brasil caminha para se unir à organização como membro associado e se encontra na última etapa para a conclusão desse processo. Porém, a jornada da adesão do país ao Cern não é curta e começou há alguns anos quando o ministro  da Ciência e da Tecnologia da época, Sérgio Rezende, mostrou o interesse em tornar o Brasil um membro associado. “O país [associado] contribui com menos recursos. Algo em torno de 10% do que seria esperado para um membro, mas tem algumas vantagens”, explica Marcelo Camilo Munhoz, formado em Física e com mestrado em Física Nuclear experimental, ambos pela USP.  Mesmo os membros associados têm o direito de participar do Conselho, que é o órgão de maior autoridade dentro da Organização, no qual são feitas as principais decisões. No presente, a junção do Brasil aos outros países depende da ratificação por parte do Congresso.

Marcelo conta que a política da Organização é de reverter os recursos dados pelo país na compra de bens de serviços do mesmo, ou seja, os membros associados verão o valor de colaboração revertido em seu próprio território. Ao contratar empresas em solo nacional, o Cern possui uma prática de abertura e intensa participação por parte dos funcionários da empresa. Dessa forma, a entrada no Cern também ajuda, mesmo que indiretamente, no desenvolvimento econômico do setor da ciência e tecnologia do Brasil e  incentiva o desenvolvimento tecnológico das instituições brasileiras. Além disso, o Cern só contrata pessoas de países membros e associados, colocando os cientistas brasileiros na lista de possíveis colaboradores e há a possibilidade de participar de treinamentos e programas de pesquisa oferecidos pela Organização.

Somando-se a todos esses fatores, a entrada do Brasil pode dar visibilidade à ciência e tecnologia brasileiras: “Nossa perspectiva é que essa associação traga, digamos, uma visibilidade maior para a área dentro do governo e traga então uma estabilidade de financiamento, de forma que a gente possa, na verdade, criar parcerias entre a academia e as indústrias”. Com a possibilidade de impulsionamento na venda de produtos de tecnologia para o Cern, a indústria brasileira pode se tornar uma maior aliada dos pesquisadores e cientistas com a intenção de atender as demandas da Organização.

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