Eliana Lins Morandi, graduada em administração pública, com experiência no campo das ciências sociais e métodos mistos, é participante do programa de doutorado One Health, uma parceria da Universidade de Bonn, na Alemanha, com a Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP.
O One Health é um projeto transdisciplinar, inserido dentro do Centro de Pesquisa de Desenvolvimento (ZEF) da Universidade de Bonn, que visa desenvolver soluções e estudos para promoção de saúde humana, animal, e meio ambiente.
Além da doutoranda brasileira, o programa reúne outros 12 pesquisadores focados em desenvolver o projeto em quatro regiões metropolitanas do mundo: o Vale do Ruhr, na Alemanha; Accra, em Gana; Ahmedabad, na Índia; e São Paulo, no Brasil.
O objetivo da pesquisa de Eliana é investigar as instituições relacionadas com a agricultura urbana no município de São Paulo e analisar as políticas públicas referentes a esse meio.
“A princípio, o foco serão os agricultores comerciais. Essa agricultura do cinturão verde, vamos dizer. E a partir disso, faremos discussões sobre quais são essas instituições, e qual o papel de cada uma”, comenta Eliana. “Provavelmente entrarão questões relacionadas a pandemia da covid-19, como essas instituições lidaram com esse momento de crise, e se houveram mudanças na forma de atuação”.
Além disso, ela fala da necessidade de realizar uma discussão final sobre justiça ambiental dentro da estrutura agrícola de São Paulo, tratando juntamente a questão do termo político de “soberania alimentar”.
“O conceito de soberania alimentar traz uma discussão política de controle social, em torno de quem produz, como produz, e de quem toma decisão”, explica a pesquisadora. “Você está jogando luz sobre quem decide, e quem não decide, que se beneficia, e quem não se beneficia desse modelo de sistema alimentar que nós vivemos no município de São Paulo“.
Uma das fases iniciais da pesquisa, ocorreu no dia 8 de abril deste ano, 2022, na sala de congregação da FEA em São Paulo, com a apresentação de um workshop denominado “Agricultura Urbana em São Paulo: das políticas públicas no campo até além do prato”.
Ela também comenta a necessidade de manter relações, ao longo de todo o processo, com as instituições que elaboram as políticas públicas, como a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, e a preocupação em realizar o projeto de uma maneira que seja possível sua aplicação prática no futuro.
“O primeiro passo é estabelecer o contato desde o começo, e elaborar perguntas de pesquisa que sejam de fato relevantes. E depois, em termos de resultados, fazer uma comunicação científica que seja mais acessível para o público leigo”,
A parceria do One Health com a USP ocorre por meio do Center for Organization Studies (CORS) – uma rede multidisciplinar de pesquisadores focado em instituições – hospedado na FEA. O CORS proporciona um espaço para a discussão burocrática do tema; enquanto os elementos mais biológicos e sociais da pesquisa estão concentrados no ZEF, na Alemanha, e na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.
“Na Alemanha eu tenho duas orientadoras que são mais do campo da prática, e da agricultura urbana, e a Paula (co-orientadora brasileira, professora do Departamento de Administração da FEA, e membra do conselho de diretores do CORS) traz a abordagem teórica das instituições”, explica Eliana.
O CORS, portanto, proporciona um contato maior com a área de políticas públicas. “Ele junta pesquisadores do Brasil e de diversas universidades no mundo, com o objetivo de estudar as instituições e organizações”, diz a professora Paula Schnaider.
A parceria do CORS, e da FEA, com a One Health ocorre desde 2017, com o lançamento do primeiro grupo de pesquisadores do programa, que se encerrou em 2021. O grupo atual, o qual Eliana participa, é o segundo do projeto, e teve início em 2021, com previsão de término para 2024.
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