O ensino e pesquisa em cultura oceânica no Brasil

Pesquisa de mestrado do Instituto Oceanográfico da USP foi um dos primeiros a tentar mapear o nível de conhecimento dos brasileiros sobre os mares

[Imagem: Getty Images/iStockphoto]

No início do século, cientistas norte-americanos iniciaram uma campanha por uma maior inclusão de conteúdos sobre os oceanos nas escolas. O movimento foi tomando força mundial e chegou à Unesco, que realizou a primeira conferência internacional sobre o assunto em 2012. Esses conteúdos que deveriam ser ensinados ficaram conhecidos como “cultura oceânica”.

Para avaliar o quanto uma pessoa entende do funcionamento do Oceano de forma padrão no mundo, foi criada a International Ocean Literacy Survey (IOLS), Pesquisa Internacional de Cultura Oceânica, em tradução livre; um questionário que pode ser aplicado de forma global, com suas devidas traduções. No Brasil, a pesquisadora Monique Cristina Silva Lima, mestranda no IO/USP, compartilhou o questionário com pessoas de todas as regiões do país para analisar dados sobre o nível de cultura oceânica e possíveis variáveis que possam se correlacionar com os resultados.

O que ela percebeu é que existia uma tendência a melhores resultados para aqueles que já haviam se engajado em atividades de educação marinha. “As pessoas falaram diversos exemplos de atividades, mas, de longe, a mais recorrente foi o contato com o Projeto Tamar”, ela comenta. O projeto sobre conservação das tartarugas-marinhas conta com 22 bases no litoral brasileiro, com atividades de educação ambiental abertas ao público, além de pesquisas e ações de cuidado com a fauna costeira. A recorrência do Tamar nos dados da pesquisa evidenciam a importância e o retorno que ações de conscientização e educação ambiental trazem.

Outro ponto relevante, e que retoma as origens da cultura oceânica, é o ensino em escolas sobre o assunto. A Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Unesco preparou um kit pedagógico que já pode ser encontrado em português. Trata-se de um manual sobre as informações que precisam ser ensinadas para a formação base de conhecimentos marítimos.

Em novembro de 2021, Santos se tornou a primeira cidade do mundo a promulgar por lei a cultura oceânica na grade curricular. A Lei Municipal nº 3.935 de Santos – SP garante que, nas escolas municipais, os conteúdos de funcionamento, importância e preservação do oceano se farão presentes para os alunos.

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