
Em 1859, Charles Darwin publica seu livro “Sobre a origem das espécies através da seleção natural”, obra que chacoalhou o mundo e que fez o cientista ser adorado, mas também combatido, principalmente devido ao conteúdo científico mostrado, algo que caminhava na contramão do que a fé cristã pregava.
Passados 162 anos, a crença na ciência passa por um momento de abalo, com uma parcela cada vez mais crescente de pessoas negando a famosa Teoria da Evolução. Neste sentido, Walter Neves, professor sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) enviou uma proposta que foi aceita pelo Conselho Deliberativo do IEA: a criação do Núcleo de Popularização dos Conhecimentos sobre Evolução Humana.
“O núcleo foi criado para se opor a essa onda de negacionismo e criacionismo que está assolando o país. O Núcleo, digamos assim, quer dar uma contribuição não para uma reversão dessa situação, mas pelo menos para mostrar o que a ciência tem a dizer sobre o processo evolutivo humano”, comenta o professor.
No intuito de retornar o investimento pago à sociedade, Walter explica que a divulgação científica para o grande público tem uma função complementar ao que de fato deveria acontecer. “Ela deveria ser complementar ao que eu chamo de letramento científico. O letramento científico deve ser feito na escola, no Fundamental e no Ensino Médio, porque independente da divulgação científica que você faça, você nunca vai ter o alcance de um ensino escolar básico e médio”, explica Walter.
Para ele, o conteúdo envolvendo a Teoria da Evolução de Darwin é pouco e pessimamente ensinado nas escolas. De fato, olhando o currículo escolar de Biologia usado no Estado de São Paulo, percebemos que os alunos só têm contato com Darwin no 3˚ bimestre do 3˚ ano do Ensino Médio, quando o conteúdo sobre origem e evolução da vida é apresentado. Mesmo assim, o tópico é dividido com outro grande cientista, Jean-Baptiste de Lamarck. Ou seja, não há um momento isolado para o aprendizado das teorias de Darwin. Walter deixa claro que a intenção do Núcleo não é substituir o papel que a escola deveria ter sobre isso. Inclusive, para ele, a tarefa do divulgador acaba sendo ainda mais difícil, sem essa base estruturada derivada das escolas.
Mas como vai funcionar?
Em um sentido multidisciplinar, o Núcleo vai tentar demonstrar os ensinos de Darwin, principalmente, por meio de exposições e palestras com diversos especialistas de diferentes áreas da evolução humana. O conteúdo citado aqui vai ser mais voltado para o público de Ensino Superior, mas o professor explica que também haverá palestras para o Ensino Médio, comandadas por monitores voluntários. O esquema pensado até aqui foi no formato presencial, então, no momento, o Núcleo ainda espera as resoluções futuras em torno da pandemia.
Nesse sentido, um site do Núcleo de Popularização dos Conhecimentos sobre Evolução Humana está sendo desenvolvido e será integrado ao site principal do IEA. Dessa forma, qualquer interessado nas apresentações do Núcleo pode agendar e registrar seu interesse, aguardando em uma lista de espera e esperando pelo retorno das atividades presenciais.
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