Sem Floresta Amazônica não existe agricultura no Brasil

Evento da EPEP FEA-USP aponta que a economia brasileira depende da Amazônia

Desmatamento cresce na Amazônia e ameaça crescimento econômico do Brasil. Foto: Andre Penner/AP/VEJA

Perante o momento de alarde em relação a gestão ambiental do ministro Ricardo Salles, a entidade de Estudos Políticos em Pauta da Faculdade de Economia, Administração Ciências Contábeis e Atuariais (EPEP FEA-USP) organizou um debate online com o tema: “Valor da Amazônia: Como o Brasil pode aproveitar seu capital ambiental?”. O evento contou com as presenças ilustres de Ricardo Galvão, ex-presidente do INPE, e do especialista em economia do meio ambiente Ariaster Chimeli.

O cientista Galvão deixa clara a condição vital para frear o desmatamento: “todo o regime fluviométrico do Brasil depende da Floresta Amazônica. A economia do Brasil, além da Amazônia, depende da Amazônia”. O desmatamento do bioma acarreta em uma seca que pode impedir todo o desenvolvimento econômico. “Sem a Amazônia a agricultura brasileira vai acabar e as nossas hidrelétricas irão secar”.

A lógica do governo atual de desmatar a Floresta Amazônica em prol do avanço agropecuário, é o que irá levá-lo a sua ruína. Para evitar um futuro colapso Galvão adverte: “temos que saber quantificar o valor econômico da Amazônia para o resto do mundo, em especial para o Brasil”.

Para compreender o que seria a quantificação de tal valor econômico, Chimeli faz algumas explicações iniciais. A primeira delas é a definição de Capital Natural como: “tudo aquilo que vem da natureza e que nos ajuda a produzir os bens de serviço que aumentam o nosso bem-estar”. O Capital Natural que falta ser quantificado é aquele dos serviços essenciais que são tratados como invisíveis pela nossa sociedade, como o abastecimento fluviométrico mencionado anteriormente.

Além disso, existe uma diferença conceitual entre preço e valor. As pessoas apresentam a tendência de querer colocar um preço específico no Capital Natural, mas a sua quantificação é uma estimativa do valor que os serviços prestados pelo meio ambiente possuem para a população. E este valor significa “o sacrifício que nós, como sociedade, estamos dispostos a fazer para se ter alguma coisa”, está relacionado a ética e é subjetivo, representa muito mais do que apenas um preço.

O desenvolvimento sustentável é urgente, mas como aplicá-lo?

Os dois pesquisadores defendem que para se promover o desenvolvimento sustentável demanda uma mudança de mentalidade, investimento em tecnologia e ciência, além de uma vontade política. Como Chimeli disse, “aumente o preço do desmatamento e teremos uma resposta. Não é miraculoso, a gente já fez isso com a contribuição absurda do INPE e vimos o desmatamento despencar: quando houve vontade política para ele cair, ele caiu”.

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