Um negócio sustentável também é rentável

[Reprodução: Hypescience]

No mundo não há quantidades ilimitadas de recursos para atender aos desejos e às necessidades de todas as pessoas. A principal questão da Economia é justamente entender como alocar esses recursos escassos entre os diferentes indivíduos da sociedade. Mas pensando na questão ambiental, a falta de recursos pode ser ainda mais preocupante.

A gestão da cadeia de suprimentos de ciclo fechado para criar e capturar valor, dissertação de mestrado de Antonio Carlos Braz, defendida na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, mostra que é possível gerir materiais naturais de forma a reaproveitá-lo quase por completo. “Em algum momento se exale completamente o recurso”, explica o pesquisador, mas, “dependendo do material com o qual se trabalha, em especial o metal, é quase 100% aproveitado”.

O motivo dessa urgência em reutilizar suprimentos de ciclo fechado se deve ao fato que estamos usando-os mais depressa do que o planeta é capaz de renová-los de acordo com estudo publicado na revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Os pesquisadores calculam que a demanda começou a superar a oferta de recursos há cerca de 20 anos. Os cientistas concluíram que há 40 anos, a humanidade utilizou 70% da capacidade da biosfera da Terra e desde 1999, a economia está absorvendo 120% da capacidade produtiva do planeta.

Algumas companhias já estão entendendo que se a gente não partir para um novo modelo de negócio e de estrutura industrial, chegará um momento no qual não teremos mais recursos. “As empresas que estão ficando sem recursos naturais têm duas opções: inovação radical, mudando toda a estrutura, um material diferente do usado hoje e novas tecnologias ou elas buscam para o mesmo produto outras formas de adquirir aqueles recursos naturais”, diz pesquisador.

Um exemplo de como os materiais poderiam ser aproveitados é o chumbo. Na falta do recurso, “uma empresa que fabricava baterias pensou em reaproveitar aquelas que já haviam se exaurido”, continua Braz. Ou seja, a bateria era desmontada, o chumbo retirado e usado em novos produtos. O material, além de ser ambientalmente melhor, era mais competitivo que o importado. “A empresa começou gerar valor então ao vender a bateria que tinha chumbo reciclado.”

Ou seja, o preço final do reciclável para a empresa teve um lucro superior àquele provindo da importação de um produto, que, acima de tudo, prejudicaria o meio ambiente. “Não existe negócio sustentável que não gera retorno. As empresas vão manter a lucratividade a qualquer custo, e não pode ser por dinheiro público”, afirma o pesquisador sobre a reciclagem ser ou não rentável para a economia. Com seus exemplos fica visível que é possível ser sustentável e ainda assim manter lucros, ao contrário do que boa parte dos empresários afirmam.

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