Estado e sociedade são essenciais à discussão de temas climáticos

Projeto busca aproximar esferas para analisar aspectos ambientais dos 174 municípios da Macrometrópole Paulista

Mapa da Macrometrópole Paulista (Fonte: Emplasa)

Por meio de ferramentas como eventos públicos realizados na Universidade, publicações para leitores não especializados produção de livros e uso das redes sociais, (Facebook, Twitter e Youtube) o projeto temático “Governança Ambiental na Macrometrópole Paulista face à Variabilidade Climática” busca aproximar Estado e sociedade para pensar maneiras de prevenção a acidentes e desastres ambientais.

A pesquisa possui duração de cinco anos (2017-2022) e é encabeçada por Pedro Jacobi, professor do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) e coordenador do grupo de pesquisa Meio Ambiente e Sociedade do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP.

Ele explica que o termo governança ambiental, pode ser entendido como uma representação do Estado e da sociedade civil. Uma representação marcada por disputas de interesses e de soluções que garantam melhor operação das atividades desenvolvidas pela gestão pública com relação a questões socioambientais. Por isso o diálogo entre essas esferas é tão necessário.

Partindo deste conceito, o estudo analisa cinco temas de maneira interdisciplinar: saneamento básico, território, serviços ecossistêmicos, energia e mudanças climáticas na área da Macrometrópole Paulista.

Correspondente a 174 municípios das regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas, Sorocaba, Baixada Santista e o entorno do Vale do Paraíba, além de quatro municípios que, formalmente, fazem parte do território mineiro, essa área aglutina não só grande parte da população do sudeste brasileiro, mas também boa parte da tecnologia produzida no Brasil.

Segundo a Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano) a importância da região se dá justamente pela concentração de indústrias de alta tecnologia, diversidade de comércio e agroindústria produtiva. Além de abrigar os maiores portos e aeroportos, melhor serviço rodoviário e as maiores áreas de conhecimento e inovação do país.

Destrinchando os eixos

Os eixos principais analisados pela pesquisa são o que dão a ela caráter interdisciplinar, haja vista que envolve pesquisadores das ciências sociais, humanas e naturais.

Saneamento básico: Envolve a atividade relacionada ao abastecimento da água, a coleta e tratamento de esgoto, além do manejo pluvial das águas e limpeza urbana. Na pesquisa, aborda-se como é a gestão do saneamento na região macro metropolitana de São Paulo.

Território: Como se dá a administração do território na região macro metropolitana, tanto em nível regional, quanto municipal. A necessidade da análise está no fato de cada município possuir uma forma autônoma de administração e ao mesmo tempo, compor uma escala maior que é a região da macrometrópole.  

Serviços Ecossistêmicos: O professor Pedro Jacobi explicou que os serviços ecossistêmicos são uma maneira de olhar para a proteção dos recursos naturais: “[Na pesquisa] nos referimos a forma como a prefeitura protege sua fonte de água, seus rios, córregos, a mata ciliar. Tudo aquilo que corresponde a uma forma de a água ter maior garantia de existência”.

Energia: Além de abordar os diferentes recursos, este eixo busca entender os desafios em promover energia renovável na região macro metropolitana, além de entender as questões envolvidas no uso da energia já produzida na região e seus impactos na sociedade e meio ambiente. Como o uso das energias hidrelétrica e termelétrica, por exemplo. Jacobi também citou, as placas de captação de energia solar, presentes no Instituto em que ele ministra aulas.  

Mudanças Climáticas: Neste eixo, aborda-se a maneira de olhar para os processos climáticos, visando os cenários do futuro e seus impactos.  Como a prevenção de desastres, pouco discutida no Brasil, evidenciando a existência de “tragédias anunciadas”. O professor utilizou como exemplo, o rompimento de uma barragem na cidade de Brumadinho em Minas Gerais. Evento ocorrido no início de 2019 que foi tema de palestra promovida pela pesquisa no IEA.

Jacobi salientou a importância do diálogo com a sociedade, haja vista que a mesma possui imenso poder frente à administração pública: “A sociedade precisa se dar conta de que ela é a grande protagonista para questionar. Se ela não se mobiliza, vai ser solidária pós desastre e omissa na prevenção”.

Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o projeto conta com cerca de 50 pesquisadores envolvidos, não só de unidades da USP, mas de outras instituições como ITA, FMU e Ufabc.  

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