Modelo teórico propõe auxiliar países no combate à infecções

Com análise de elementos de projetos governamentais, é construído modelo capaz de direcionar programas de combate à doenças infecciosas

Locais iniciantes na área podem ser beneficiados (Imagem: Pixabay)

A partir de análise e comparação de programas nacionais para prevenção e controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) no Brasil, Chile e Israel, foi proposto um modelo teórico explicativo que se compromete a colaborar com a implantação ou ampliação destes projetos em países nos quais eles ainda estão incipientes.

Os resultados evidenciaram elementos comuns na formação, desenvolvimento e manutenção dos programas nos três países, escolhidos por sua diversidade cultural. Conhecer os elementos de sucesso desses projetos nacionais de prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde pode apoiar outros países iniciantes na área e, até mesmo, a progressão destes em território brasileiro.

A pesquisa de Cassimiro Nogueira, da Escola de Enfermagem da USP, é inédita e impacta a área da saúde como um todo, não apenas a enfermagem. “É imprescindível um programa nacional forte para que o país possa avançar como um todo para a segurança e qualidade dos cuidados em saúde”, comenta.

Foi utilizado o modelo do triângulo de análise de políticas de saúde para comparar o contexto, o processo, o conteúdo e os atores destes programas governamentais. Segundo Nogueira, este modelo traz uma abordagem simplificada de inter-relações complexas, tendo como foco não apenas o conteúdo do projeto, mas também seu contexto e processo.

Por falta de recursos financeiros, para o pesquisador, o principal desafio foi a escolha dos países a serem analisados, já que haviam outros tão interessantes quanto os optados. Com poucos dias para as visitas, a agenda construída foi, ao mesmo tempo, abrangente e específica, ou seja, permitiu que Nogueira conhecesse nuances do sistema de saúde dos países e detalhes de cada programa nacional.

Além disso, houve uma revisão da literatura para definição da base teórica de análise dos dados e para saber um pouco mais de cada país antes das visitas propostas. “Somado a isto, ainda tivemos que transpor, neste processo de coleta de dados, a barreira da língua e cultura diversa”, completa.

Na prática, espera-se que o modelo desenvolvido possa apoiar outros países para a construção dos seus programas nacionais, a fim de nortear intervenções de sistema propostas por órgãos e agências governamentais para formação e consolidação destes programas. Isso permite a análise de fragilidades e potencialidades de cada país, com o alerta para riscos neste processo.

O primeiro contato de Cassimiro Nogueira com o tema veio com o mestrado em que estudou sistemas de informação para o controle e prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde nos estados brasileiros. “Durante a pesquisa pude perceber que muitos entraves da captação de informações sobre esta ocorrência nos estados estavam relacionadas à organização e ao desenvolvimento do programa nacional, o que me instigou a entender melhor este contexto”, afirma. A partir disso, em seu doutorado resolveu investigar programas no âmbito governamental do tema.

Por meio de publicações, o pesquisador almeja ampliar os resultados de divulgação da pesquisa. Dois artigos científicos foram produzidos e um já conquistou aprovação preliminar de um periódico internacional. A perspectiva atual é organizar um livro abordando a temática para ser lançado em 2019, além de dar seguimento a pesquisa através de um pós-doutorado.

“É necessário ainda validar este modelo, colocando a prova todos os aspectos levantados. A aplicação do modelo frente a diversas culturas e padrões de organização política e administrativa poderá permitir uma análise do seu poder resolutivo e da sua clareza de interpretação”, revela.

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