Pesquisa comprova ineficiência em sinalizações de trânsito

A posição e disposição das sinalizações verticais foram analisadas em experimentos de campo [Reprodução]

Uma pesquisa conduzida por Walquiria Fujii, engenheira civil, aponta as questões negativas em não haver uma avaliação posterior à implementação de placas de trânsito e faixas sinalizadoras nas vias. Segundo ela, esse descaso com a efetividade de campo no trânsito é uma particularidade das sinalizações viárias, que não acontece com outros projetos: “O pavimento, por exemplo, é dimensionado em projeto e o desempenho de sua estrutura é verificado periodicamente depois de construída”.

Walquiria conta que sempre trabalhou na área de engenharia de rodovias e seu tempo no ramo a fez perceber como as sinalizações eram tratadas de modo diferente no que diz respeito à avaliação de eficiência. “Busquei, com a pesquisa, propor procedimentos similares ao do pavimento para avaliar o desempenho da sinalização viária de rodovias”, comenta a engenheira.

A tese, apresentada à Escola Politécnica da USP, se valeu de dois experimentos de campo para mostrar como é importante analisar a eficiência do objeto de estudo em situações reais. “Para a sinalização viária, os procedimentos podem ser muito complexos porque sua finalidade não se resume ao desempenho meramente físico do sistema de sinalização, abrangendo outros aspectos, como o biológico e o psicológico dos usuários da rodovia”. Nesse sentido, Walquiria explica que a eficiência das sinalizações depende muito de questões pessoais dos próprios motoristas e por isso precisa extrapolar a avaliação do projeto.

Tipo de sinalização horizontal estudada no segundo experimento [Tiago Azzoni]
Os experimentos consistiam em avaliar a visibilidade e facilidade de leitura das placas de trânsito em situações reais, bem como em analisar a efetividade das faixas pintadas nas vias. Através dessa metodologia, a engenheira descobriu interessantes pontos sobre interação dos motoristas com as placas e o que pode causar maior desgaste das sinalizações horizontais. Apesar disso, ressalta que essa não foi a conclusão mais importante: “Os experimentos de campo comprovaram a dificuldade de medir variáveis subjetivas relacionadas à interpretação da sinalização por parte dos motoristas, algo que até então não se encontrava na literatura técnica mundial”.

É justamente esse fator de ineditismo que Walquiria considera muito importante. Segundo ela, isso acontece por causa do tema da pesquisa – trânsito – cuja segurança é uma questão muito abordada atualmente. “A pesquisa teve como ponto forte o fato de ser a primeira tese sobre o assunto desenvolvida no Brasil, abrindo campo para outras pesquisas numa área que ainda é pouco estudada no País”.

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