Telecomunicações usam criatividade para contornar insuficiência energética

Apagões prejudicam mais companhias do setor de serviços telecomunicativos

O impacto sofrido pelas empresas de telecomunicações no Brasil com a falta de energia elétrica foi estudado por Agnes Bess d’Alcantara e Amaral, engenheira eletricista formada pela UERJ, em sua dissertação de mestrado pela Escola Politécnica da USP. A pesquisadora conta que o interesse no assunto da insuficiência energética surgiu por causa de seu orientador, Erik Eduardo Rego, professor na Poli: “Ele é da área de energia e por isso eu comecei a participar de alguns seminários sobre as questões que envolvem energia, mais especificamente no setor elétrico. E nesses seminários surgiu o interesse dentro dessa área de pesquisa que é chamada ‘custo do déficit'”.

O “custo do déficit”, como explica Agnes, é um cálculo usado pelo governo para medir o quanto prejudica o país o não fornecimento de energia elétrica. Dessa forma, visualizando o conceito sob a ótica das empresas de telecomunicações, o custo de déficit seria o quanto elas perdem cada vez que o suprimento de eletricidade é interrompido. “O setor de telecomunicações tem características tão próprias que a redução no fornecimento de energia elétrica durante um período grande de tempo, ou até o aumento do preço, a afeta de uma forma geral, e a maneira como a empresa lida com isso é diferente de como uma outra indústria faz”, comenta a pesquisadora, mencionando como apagões às vezes não afetam tanto outros ramos de serviços.

Algumas empresas estão usando células fotovoltaicas para produção de energia

Para ter mais noção de como essas empresas encaram a insuficiência energética, Agnes visitou duas grandes do setor de telecomunicações – que não quiseram ser identificadas – e falou sobre os resultados obtidos: “Foi uma experiência muito boa porque eu tive contato com um diretor responsável por decisões, com um gerente sênior responsável pelas ações que as empresas tomavam e com pessoas que trabalhavam no planejamento de estratégias. Foram pelo menos três entrevistas, e com pessoas que têm poder de decisão dentro da empresa”.

Participando deste estudo de campo, a pesquisadora conseguiu perceber os esforços que essas empresas estão empenhando para contornar a interrupção de eletricidade. Dessa maneira, Agnes pôde listar em sua dissertação, a partir das entrevistas com pessoas dos mais variados postos, uma série de medidas tomadas por essas companhias. Dentre elas, pode-se citar a utilização de geradores a diesel, a modernização de equipamentos e até a autoprodução de energia através de células fotovoltaicas.

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