Disciplinas de integração suprem falta de estudos práticos na engenharia

O "cirquinho" é o prédio onde os alunos têm a maioria de suas aulas do ciclo básico [Imagem: Reprodução]

Uma pesquisa propõe a melhoria dos cursos de engenharia na USP através do chamado Projeto Integrador. É o que Nanci de Oliveira, bacharel e licenciada em Matemática, fala em sua tese de doutorado pela Escola Politécnica da USP. Como principal objetivo de seu estudo, a pesquisadora se propôs a correlacionar as disciplinas básicas do curso de Engenharia Elétrica da Poli com o intuito de entender o impacto delas na formação dos alunos.

O interesse por trás do assunto veio a partir de uma complicação dos alunos de engenharia com as disciplinas básicas de matemática do curso. Nanci, que leciona há mais de 25 anos no ensino superior, também se valeu de outros meios para perceber essa insatisfação: “Entrando em contato com dados da própria Poli e da USP, nós percebemos que os alunos também têm essa dificuldade, que é uma dificuldade geral, na verdade. É uma dificuldade não só no Brasil, mas no mundo inteiro”.

A ausência de disciplinas práticas leva muitos estudantes a ingressar em grupos de extensão [Imagem: Reprodução]
Com base em análises históricas e revisões bibliográficas, a pesquisadora percebeu que disciplinas básicas do curso, como Cálculo e Álgebra Linear, são muito importantes por serem base para outras matérias mais avançadas. Por essa razão, deveriam ser ministradas com maior cuidado e empenho, o que não é observado nos dias de hoje. “O cálculo ainda está sendo trabalhado de uma forma muito do século XVIII, XIX. Ainda está muito fora da realidade”.

Seu estudo permitiu que a pesquisadora percebesse certos problemas e pensasse em soluções para eles. “Tudo indica que a gente precisa colocar projetos integradores para que os alunos possam perceber, desde o primeiro ano do curso, qual a importância e onde se aplica o cálculo e as disciplinas relacionadas”, comenta. É daí que vem o conceito de Projeto Integrador, por diversas vezes discutido em sua tese.

O termo surge como um dos principais trunfos da pesquisa, sendo reforçado por Nanci como um meio muito interessante para que o ensino da engenharia no Brasil seja melhorado. “O Projeto Integrador seria você escolher alguns temas junto com os alunos, por exemplo, a questão de gases do efeito estufa, do desmatamento, do lixo, e ir desenvolvendo, ao longo do curso, esse problema real junto das disciplinas”. Dessa forma, a pesquisadora acredita que os estudantes teriam uma maior percepção da aplicabilidade dos conceitos estudados em sala de aula.

Com os resultados de sua tese, Nanci propõe a implementação do Projeto Integrador na estrutura curricular da Escola Politécnica, inclusive sugerindo o resgate de uma antiga disciplina – Introdução à Engenharia – e a mescla com outras singularidades do curso: “Planejando isso desde o começo, conforme o aluno vai passando de um semestre para o outro, vai aumentando a complexidade e no final pode sair um trabalho de graduação [Trabalho de Conclusão de Curso]”.

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