Tecnologia promete dar um fim mais sustentável ao rejeito do beneficiamento de bauxita

Pesquisador da USP testa formas sustentáveis e econômicas para dispor este rejeito de mineração

Fragmento de bauxita, minério utilizado para a produção de alumínio (Foto: Caio van Deursen)

Por Mariana Mallet Pires – marimcp97@gmail.com

Um dos impasses que a mineração enfrenta é o que fazer com o rejeitoapós o beneficiamento —tratamento para concentrar os minerais de minério — da bauxita. Entre as técnicas estão a construção de diques para lançamento hidráulico, disposição em pilhas ou devolver o rejeito – que é, no geral, argila – à mina. Em relação a isto, o pesquisador da Escola Politécnica, Caiovan Deursen, na sua dissertação, analisou alternativas e buscou um meio que permitisse dar fim ao rejeito de maneira mais sustentável e econômica.

A princípio, o pesquisador analisou a construção de diques, chegando à conclusão que estes implicam em maiores despesas em longo prazo. “Você lança o material no dique, deixa sedimentar e recupera água clarificada. Mas este dique vai encher e, depois,outros deverão ser construídos até o final da vida útil do empreendimento, o que sairia mais caro”, explica.

Paralelamente, van Deursen também analisou a construção de pilhas e reaterro na mina. Entretanto, para que estas formas de disposição sejam possíveis, é preciso fazer o uso de uma tecnologia que recupere a água do material para que fique sólido e possa ser disposto como tal. Para isto, estudou dois outros equipamentos: o filtro prensa e a centrífuga. O primeiro, apesar de recuperar 95% da água, é economicamente menos atraente,ocupa uma área maior e tem uma operação em períodos. Já o segundo recupera mais de 93% da água, é menor, mais barato e mantém-se em serviço contínuo.

“O filtro é um equipamento descontínuo. A centrífuga sempre funciona, ela está sempre processando material. O filtro prensa tem muito tempo morto, é um equipamento muito maior e por isso, mais pesado e mais complexo, sendo mais caro. A centrífuga é um equipamento menor e mais barato se comparada a um filtro de mesma capacidade”, afirma.

Uma vez definido que o equipamento a ser utilizado seria a centrífuga, foi preciso estabelecer qual seria o melhor método de disposição: fazer pilhas com o rejeito ou despejá-lo na mina. As pilhas, apesar de seremcuidadosamente construídas, são uma grande intervenção no terreno. Por melhor ou mais controladas que sejam, expõe a operação à perigos que poderiam causar danos tanto para a natureza, quanto para pessoas. A opção de retornar o rejeito para a mina não oferece estes tipos de perigo ou problemas ambientais, uma vez que é depositado um material que já existia no local. “Como é quimicamente estável, já estava lá e tem uma concentração de sólidos adequada, você joga de volta na mina e convive. Não atrapalha a paisagem e não corre o risco de romper”, conta.

Assim, a solução mais sustentável e com menor despesas financeiras ao longo da operação seria usar a centrífuga no processo de recuperação de água e depositar o rejeito na mina. A água recuperada será reutilizada no processode beneficiamento, enquanto que o descarte do rejeitoserá feito de uma forma mais segura.

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