Estudo sobre esquilos revê conceitos tradicionais de evolução

Aumento de variações e a evolução caminham no mesmo sentido. Fonte: wikipedia

Giuliana Viggiano – viggiano.giuliana@gmail.com

Há cerca de 100 anos o americano Joseph Grinnell descrevia inúmeras espécies de aves e mamíferos da Califórnia, nos Estados Unidos. Hoje, um projeto que leva o nome do pesquisador utiliza de seu enorme banco de dados para desvendar algumas questões ainda desconhecidas pelos biólogos, e também para reavaliar as espécies estudadas por Grinnell.

Uma das pesquisas do projeto é de Ana Paula Assis (IB-USP), que escreveu sobre seleção natural e as mudanças climáticas na história evolutiva dos esquilos. A bióloga estudou cerca de 23 espécies diferentes de esquilos no oeste da América do Norte: “Embora sejam parecidas em alguns aspectos, no geral, as espécies são bem diferentes. Algumas já foram extintas e outras não ocorrem mais em todos os locais que ocorriam, por exemplo”.

As hipóteses de Assis focaram na morfologia [formato, aparência externa] do crânio dos esquilos. Segundo ela, o crânio é a parte do corpo de mamíferos que os estudiosos mais guardam exemplares: “Optei pelo crânio por praticidade, mas também porque é uma parte muito importante do corpo dos mamíferos”.

As questões levantadas pela pesquisadora focavam nas mudanças climáticas e morfológicas: “Entre populações esperava que uma mudança climática parecida levaria a mudanças morfológicas parecidas. Não foi isso que encontrei”, conta. Depois, Assis buscou relacionar a quantidade de variações fenotípicas e a seleção natural: estariam as duas interligadas?

“O que se espera é que haja um aumento de variação no sentido da evolução, que é o oposto ao que a maioria dos biólogos evolutivos tradicionais pensam. Víamos a seleção limando a variação, mas hoje em dia notamos exatamente o contrário”, relata Ana Paula Assis. “O que mostrei na minha tese é que uma das espécies de esquilo que mais tem sofrido pressões evolutivas também foi uma das que mais aumentou a variação fenotípica,” acrescenta. Ou seja, a pesquisa de Assis é mais uma defensora de que o aumento de variações e a evolução caminham no mesmo sentido, contradizendo os evolutivos tradicionais.

A bióloga também enfatiza que seu estudo traz à luz a importância de relacionar as pesquisas científicas com a criação de políticas públicas: “A Califórnia é um dos únicos lugares no mundo que usa o conhecimento científico para definir políticas públicas. Todo o conhecimento que o Projeto Grinnell levantou é usado para a criação de políticas públicas direcionadas à conservação da natureza.”

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