Alternativas à devastação da Amazônia são discutidas em livro do IEA

Pesquisadores abordam desmonte das políticas ambientais brasileiras e apresentam possibilidades de desenvolvimento sustentável.

Foto de arco íris e canoas na margem de rio na cidade de Borba (AM)
Imagem: Sharlene Melanie / Wikimedia Commons

O desmatamento tem quebrado recordes consecutivos no Brasil, promovido pela flexibilização da legislação ambiental. E quando o assunto é derrubada de árvores, o protagonista é o maior bioma do país: a Amazônia.

Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 13 mil km² da região foram devastados entre 2020 e 2021 – a pior taxa em 15 anos. Os números traduzem a política ambiental do governo de Jair Bolsonaro (PL), que vai na direção contrária da preservação.

Não são poucos os cientistas de olho nesse cenário. Um exemplo é o Grupo de Pesquisa em Meio Ambiente e Sociedade, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), que lançou no final de 2021 o livro “Amazônia: alternativas à devastação”.

Capa do livro "Amazônia: alternativas à devastação"
Capa do livro “Amazônia: alternativas à devastação”. [Imagem: Divulgação / IEA – USP]
Em setembro de 2020, o grupo se reuniu para discutir formas de combater a destruição do meio ambiente e combinar desenvolvimento econômico com conservação da floresta tropical. Não precisa haver dicotomia: a associação já é promovida por uma série de experiências na região.

Depois que algumas destas experiências foram demonstradas no seminário, o geógrafo Wagner Costa Ribeiro e o sociólogo Pedro Roberto Jacobi, integrantes do grupo de pesquisa, decidiram que aquele conhecimento deveria virar um livro digital.

“A produção da obra foi uma estratégia para dar visibilidade aos relevantes temas abordados, com a preocupação de garantir acesso amplo pelo Portal de Livros Abertos da USP”, afirma Jacobi.

A ideia do livro organizado pelos pesquisadores é explicar como se dá a destruição do bioma atualmente – do desmonte de políticas ambientais brasileiras à dinâmica do desmatamento – e apresentar propostas alternativas à devastação, que protejam a biodiversidade e considerem o estilo de vida das populações originárias e tradicionais.

“Isso passa pela valorização de práticas ancestrais desenvolvidas pelas comunidades que convergem com o uso de recursos que a floresta oferece, sem afetar a dinâmica natural dos processos amazônicos”, explica Ribeiro. “Podem ser citados a coleta de frutos e o cultivo de espécies combinadas à cobertura vegetal, entre muitas outras possibilidades.”

O livro, que pode ser adquirido gratuitamente neste link, tem oito capítulos escritos por 16 pesquisadores. Dentre eles, estão os expositores do seminário realizado pelo grupo de pesquisa do IEA-USP e cientistas convidados por Ribeiro e Jacobi, além dos próprios organizadores da obra.

A obra é dedicada à memória da geógrafa Neli Aparecida de Mello-Thery, que faleceu em abril de 2021. Ela é autora do capítulo “O desmonte das políticas ambientais brasileiras” e foi coordenadora do Grupo de Pesquisa Políticas Públicas, Territorialidade e Sociedade do IEA-USP. O último texto do livro, escrito por Ribeiro, resgata o legado acadêmico da pesquisadora em relação à Amazônia e políticas territoriais.

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