Exposição de Lucia Koch encerra ano de reabertura no MAC

Inaugurado em 2021, programa Clareira expõe a última intervenção do ano até 13 de fevereiro

Museu de Arte Contemporânea recebe intervenções nos vidros do térreo (Thomas Toscano/Reprodução)

O Museu de Arte Contemporânea da USP inaugurou em dezembro de 2021 a fase final de seu novo programa de intervenções, mostras culturais e performances de teatro e dança. Após seis meses e mais de 20 artistas, a “Clareira”, como é conhecido o programa, se fecha com a instalação de Lucia Koch, trabalhando a fundo os elementos centrais das exposições.

Mesmo sendo um dos principais museus da cidade de São Paulo, o MAC não tem sua estrutura preenchida com pedestres “só de passagem”. As visitas ao museu costumam ser longas e programadas, ainda que a entrada seja gratuita e sem portões.  Para recuperar a presença e o diálogo do museu com a cidade, surge o programa Clareira, que intercalou exposições de longa duração com encontros culturais nas quintasfeiras a noite. 

Ana Magalhães, curadora do museu e idealizadora do projeto, comenta que: “Já havia um desejo grande do museu de incorporar à sua programação outras formas de manifestação artística”. O nome, por sua vez, também se relaciona ao contexto atual. “A Clareira vem de uma espécie de entendimento do programa curatorial do MAC como uma metáfora da floresta. A clareia para nós é o celeiro da floresta, o lugar onde as plantas se renovam.”

Desde junho até dezembro, a Clareira recebeu performances musicais, danças, rodas literárias, debates, mostras de cinema e apresentações, que preencheram o térreo do museu com públicos diferentes dos habituais consumidores de arte.

O contato com outras partes da cidade era um dos grandes objetivos do projeto. Por isso, a escolha do térreo do museu foi essencial. A curadora Ana comenta que “O espaço do térreo do museu, que se abre para o exterior, permitia essa porosidade com a rua, com o exterior.” Assim, mesmo com a pandemia, o museu viu algo inédito acontecer: a vinda orgânica de novos públicos. 

Essa porosidade vem também pela diversidade, não só entre as formas de arte apresentadas, mas pela vivência de cada artista. Ana ressalta que no programa desse ano, as exposições foram marcadas por performances de artistas trans, trazendo à tona questões que envolvem o transgênero e a forma binária com a qual nossa sociedade é construída. Com isso, o público jovem em geral passou a visitar mais o museu. 

Depois de seis meses de programações semanais nas quintas feiras, o museu agora encerra a primeira temporada da Clareira com a exposição de Lucia Koch. Professora de Artes Plásticas na Escola de Comunicação e Artes da USP, a escolha da artista partiu da ideia de gerar um retorno as artes visuais e formar também um balanço do semestre, tendo em vista o ano que vem.

Na instalação de Lucia Koch, é possível ver em prática muitos dos conceitos pensados sobre a temporada de exposições. A ideia central é justamente revigorar a ideia inicial no projeto arquitetônico do MAC, pensada por Oscar Niemeyer como uma estrutura que adere à rua.

 

Os grafismos criados na janela são adicionados diariamente (Thomas Toscano/Reprodução)

Os vidros do térreo são todos pintados de preto com uma tinta criada especialmente para a intervenção no museu. Em seguida, com a ajuda de estagiários e alunos da ECA-USP, a tinta vai sendo raspada, gerando formatos e desenhos diversos nas janelas. 

Além do desenhos, há também a interação sonora na obra. Os barulhos da rua, abafados pelos vidros pintados, vão aumentando conforme a tinta é raspada. A exposição vai mudando conforme as semanas: com o passar do tempo as janelas vão perdendo tinta e revelando mais e mais da rua, aproximando os dois mundos. Para os visitantes, as manchas pretas nas janelas da entrada ganham forma quando se aproximam, tornando-se um convite para visitar o acervo. 

A equipe de curadoria do MAC está otimista para as novas “Clareiras” em 2022 e 2023, que contarão com a presença de novos artistas. A exposição estará aberta até 13 de fevereiro de 2022, os ingressos são gratuitos e os sete andares do prédio também têm acesso disponível.

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