Pesquisa aborda o impacto de códigos de conduta nas emissões de gases poluentes no setor de mineração

Johnny Kallai explora relação entre a divulgação de dados referentes a práticas sustentáveis de empresas de mineração e a diminuição da emissão de gases poluentes

Reprodução: Dominik Vanyi/Unsplash

Orientado por Natalia Dus Poiatti, professora do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI/USP), a dissertação de mestrado “Governança ambiental do setor de mineração transnacional: o impacto de códigos de conduta nas emissões de gases de efeito estufa” foi o tema desenvolvido por Johnny Kallai no IRI-USP, onde atualmente  cursa o doutorado.

Kallai explica que a escolha do tema foi baseada em alguns fatores. O pesquisador destacou a importância ambiental do assunto, uma vez que a indústria mineradora é responsável por 4% a 7% das emissões de gases do efeito estufa em todo o mundo, como mostrou relatório conduzido pela consultoria McKinsey & Company, e, consequentemente, das mudanças climáticas. Além disso, mencionou a crescente presença dessa indústria no cotidiano devido aos avanços tecnológicos, e a vontade de situar as empresas ou corporações transnacionais dentro dos estudos de relações internacionais. 

A pesquisa analisou uma amostra de 20 empresas transnacionais de mineração entre 2006 a 2018, o que consiste em aproximadamente 360 relatórios financeiros e de sustentabilidade. A dissertação ressalta a tendência do setor a partir dos anos 2000 de adoção de regras, processos e padrões que visam diminuir os impactos ambientais causados pelo ramo. 

A agenda, a princípio promovida pelo Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD na sigla em inglês), resultou na produção voluntária de relatórios de sustentabilidade que revelam as práticas de preservação adotadas durante o período analisado por parte das empresas. 

“A partir da primeira década do século 21 começaram essas movimentações do setor em função de divulgar seus impactos ambientais de uma maneira padronizada. Existem algumas organizações privadas que estabelecem padrões, e isso já existia para questões financeiras, então foi estabelecido um padrão para falar quanto se consome de água, energia, etc”, explica o pesquisador.

Por meio das análises, Johnny conta que o resultado encontrado não foi o esperado no início da pesquisa. A hipótese era de que a divulgação das informações de sustentabilidade das empresas não gerassem um impacto positivo na emissão de gases de efeito estufa, mas a análise realizada revelou que, principalmente as empresas associadas ao International Council on Mining and Metals (ICMM), conselho fundado em 2001 para melhorar o desempenho do desenvolvimento sustentável na indústria de mineração e metais, exibiram uma redução nas emissões de gases poluentes durante o período analisado. 

Kallai esclarece ainda que não identificou práticas de “greenwashing”, termo que define a ação de simular práticas sustentáveis como técnica de marketing ou relações públicas em sua pesquisa, uma vez que existe uma auditoria dessas informações, mas ressalta a importância de buscar uma compreensão maior do processo em busca da transparência, uma vez que as divulgações são voluntárias e montadas pelas próprias empresas. 

Por fim, o pesquisador ressalta que o recorte estudado ainda demanda uma pesquisa mais extensa, de forma que este continua a ser seu objeto de estudo no doutorado. 

O resultado encontrado pode ser relacionado com o fato de que o setor da mineração é também prejudicado pelas mudanças climáticas, de forma que ao mesmo tempo que contribuem com a degradação ambiental, é de extrema importância para a sua manutenção a busca por reverter os impactos. Kallai destaca que o recorte estudado ainda demanda uma pesquisa mais extensa, de forma que este continua a ser seu objeto de estudo no doutorado. 

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