Pesquisa avalia disfagia em pacientes com Covid-19

Procedimentos invasivos podem causar lesões que acarretam dificuldades para engolir e prejudicam a alimentação

Imagem: Wikimedia Commons

Disfagia é o nome para a dificuldade de deglutir, ou seja, engolir alimentos ou líquidos. Essa condição é mais comum em idosos e pessoas com determinadas condições, como Parkinson e Alzheimer. Durante a pandemia de coronavírus, entretanto, muitos pacientes foram internados em unidades de terapia intensiva (UTI) e submetidos a traqueostomia, intubação orotraqueal e ventilação mecânica prolongada. Esses procedimentos podem levar a danos que comprometem os pacientes. Portanto, a disfagia é prevista em grande parte dos indivíduos que contraíram a Covid-19.

Maíra Santilli de Lima, fonoaudióloga e doutoranda em Ciências da Reabilitação na USP, teve que interromper seu projeto de pesquisa de doutorado com o início da pandemia. A partir do contato que teve como a primeira fonoaudióloga a atender coronavírus no Instituto Central do Hospital das Clínicas, sua pesquisa foi alterada para avaliar a performance e segurança da deglutição em pacientes com covid-19. “A gente precisava estudar essa população para entender como seria a disfagia e como a gente teria que reabilitar, avaliar e tratar esses pacientes”, explica à Agência Universitária de Notícias.

Segundo a pesquisadora, a intubação pode causar o desuso da musculatura do paciente e a dessensibilização da traquéia e da faringe. Quando esse paciente tira o tubo, ele pode apresentar rouquidão, fraqueza e outras dificuldades para engolir. Nos casos de covid-19, eles são submetidos a procedimentos muito invasivos, com elevadas doses de sedativos e longos períodos intubados. 

Algumas intervenções fonoaudiológicas podem ser feitas para prevenir ou amenizar essas complicações. Os pacientes são avaliados e reabilitados por meio de protocolos utilizados há muito tempo no Hospital das Clínicas. Maíra explica que os alimentos são oferecidos gradualmente, em volumes controlados. Num primeiro momento, isso é feito com seringas. Somente depois é liberado o volume livre, ou seja, a alimentação funcional. “Conforme a gente vai ofertando os alimentos, a gente consegue perceber se o paciente está apto ou não para deglutir”, explica.

No caso da Covid, muitos pacientes têm a parte respiratória debilitada. A fonoaudióloga conta que há casos em que o paciente consegue mastigar e engolir, mas se cansa muito e perde o fôlego, por isso os especialistas optam por uma dieta mais fácil.

Até o momento, a fonoaudiologia atendeu mais de 1.700 pacientes com o diagnóstico de Covid-19 no Instituto Central do Hospital das Clínicas. Foram mais de 8 mil atendimentos fonoaudiológicos. A média de idade é de aproximadamente 56 anos e a maior parte deles passou por intubação orotraqueal prolongada, ou seja, por mais de 48 horas.

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