Estudo aponta que São Paulo poderia suprir 93% do gasto energético de suas residências com o aproveitamento do seu potencial para geração de bioenergia

Mapas interativos detalham o potencial de produção de biogás, biometano e potência elétrica do estado a partir da matéria orgânica

Mapa “Biogás, Biometano e Potência Elétrica” do estado de São Paulo. Crédito: Projeto 27 do RCGI página da web.

Segundo dados da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo, a bioenergia já corresponde a 25% da matriz energética do estado. Entretanto, estudos recentes apontam para um potencial substancialmente maior de aproveitamento da matéria orgânica disponível. O foco está na obtenção de biogás a partir de resíduos urbanos, de criação animal e do setor sucroalcooleiro (que produz açúcar e álcool).

As três fontes estudadas para obtenção do biogás são:

  • Resíduos de criação animal: suinocultura, bovinocultura e avicultura;
  • Resíduos urbanos: aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto;
  • Setor sucroalcooleiro: vinhaça, torta de filtro e palha de cana (resíduos oriundos do processamento da cana de açúcar).

“Em 2019 nós lançamos esse estudo que detalha o potencial de produção de biogás, biometano e energia elétrica a partir de resíduos orgânicos no estado de São Paulo. São mapas georreferenciados e interativos que estão disponíveis para consulta online. Neles você pode escolher a fonte de bioenergia e o município que quer ver, e então você terá todos os dados na sua tela”, conta a professora Suani Coelho, coordenadora do projeto pelo Grupo de Pesquisa em Bioenergia (GBIO), do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo.

No site do projeto é possível navegar pelos mapas para se aprofundar nas possibilidades de aproveitamento de cada uma dessas fontes de bioenergia. A página da web oferece uma experiência intuitiva ao usuário, que pode escolher o idioma em que deseja acessar as informações. Conheça os mapas, clique aqui para ter acesso à versão em português ou aqui para conferir a versão em inglês.

Os mapas interativos foram desenvolvidos pela professora Suani e sua equipe, dentro do Projeto 27 no Research Center Gas Innovation (RGCI), criado em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), a empresa multinacional petrolífera Shell, institutos e faculdades da Universidade de São Paulo. O projeto tem o objetivo de facilitar a transmissão de informação ao governo e também à iniciativa privada, respectivamente para o estabelecimento de políticas públicas, e para atrair investimentos e novos empreendimentos ao setor.

Os volumes apresentados nos mapas ainda podem transformar a matriz enérgica do estado. Por exemplo, o potencial para geração anual de 36.197 GWh de energia elétrica a partir de biogás poderia abastecer 93% das residências paulistas. Já o potencial anual para produção de biometado poderia substituir 72% do diesel comercializado.

A divulgação desses dados chama a atenção dos municípios de São Paulo e de empresas do mundo todo para as oportunidades inexploradas de aproveitamento para produção de energia e combustível a partir dos resíduos orgânicos, que geralmente são descartados, e ainda causam uma série de problemas ambientais e sociais.

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