Dispositivo cardíaco desenvolvido pela USP auxiliará pacientes na fila do transplante

O aparelho ajudará o coração a bombear o sangue, assim, permitindo que os pacientes possam esperar mais tempo pelo procedimento.

Imagem da capa: imagem infravermelha do dispositivo. [Fonte: acervo dos pesquisadores]
Imagem da capa: imagem infravermelha do dispositivo. [Fonte: acervo dos pesquisadores]

O projeto composto pelos pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), em parceira com os membros do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, trabalha no desenvolvimento do equipamento cardíaco, chamado de Dispositivo de Auxílio Ventricular. O aparelho ajudará pacientes que necessitam de um transplante de coração.

Funcionamento e benefícios

O equipamento auxiliará o coração a realizar o bombeamento do sangue, dessa forma, este será capaz de suprir as limitações de corações com morbidades. Em relação aos benefícios à saúde, o dispositivo propiciará uma melhor qualidade de vida para pacientes com problemas cardíacos, enquanto esperam o acesso ao transplante. O aparelho também permitirá que os pacientes possam esperar por mais tempo na fila do transplante. Em casos de problemas cardíacos leves, o Dispositivo de Auxílio Ventricular poderá ser usado para tratar as enfermidades, não havendo a necessidade de um transplante.

Design do dispositivo. [Fonte: acervo dos pesquisadores]
Design do dispositivo. [Fonte: acervo dos pesquisadores]

Dispositivo: conceito, projeto de origem e composição

O Dispositivo de Auxílio Ventricular surgiu como uma iniciativa do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de criar um aparelho ventricular desenvolvido com tecnologia totalmente brasileira. Para realizar o projeto, eles convidaram os pesquisadores da Poli-USP para colaborarem com o programa e desenvolverem a parte de engenharia do equipamento.

Já existem aparelhos em funcionamento para tratamentos cardíacos, como esse dispositivo, em países desenvolvidos, como os Estados Unidos e os países escandinavos. Entretanto, os equipamentos são muito caros, custando uma média de $200 mil, o que inviabiliza sua importação e utilização pela maior parte da população brasileira. Por isso, a Poli-USP e o Instituto decidiram criar um modelo que poderá ser fabricado em território nacional. “Além de desenvolver tecnologia brasileira, vai gerar indústrias que vão contratar pessoas. Ou seja, vai gerar riqueza para o país”, explica o professor José Roberto Cardoso, pesquisador da iniciativa e docente do departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas, sobre os objetivos do projeto.

O Dispositivo de Auxílio Ventricular é composto por uma bomba que auxilia o coração a bombear o sangue, que é movida por um motor elétrico e acionada por um sistema eletrônico. Essa bomba se conecta ao coração e à veia, por meio de tubos, que possibilitam o transporte do sangue. “Tudo isso fica em um pequeno invólucro implantado dentro do corpo”, expõe o professor.

O motor é movido por uma bateria colocada na região do abdômen e ligada por fios ao dispositivo. A bateria deve ser carregada todas as noites pelo paciente por um sistema de indução. “Quando vai carregar a bateria, o paciente pega uma bobina externa e coloca em cima da bateria que está dentro do corpo. Ele liga a bobina na tomada, a qual por indução magnética manda a energia para a bateria”, explica Cardoso.

Design do dispositivo. [Fonte: acervo dos pesquisadores]
Design do dispositivo. [Fonte: acervo dos pesquisadores]
Dessa forma, o Dispositivo de Auxílio Ventricular ajuda o coração debilitado a bombear o sangue, mas não substitui o órgão, como reforçou o pesquisador. Com isso, o paciente tem uma maior qualidade de vida e consegue esperar pelo transplante. Eles também acreditam que em casos mais leves, os pacientes poderão ficar com o equipamento e não precisarão do transplante. “Houve casos, em que chegou certo momento que o coração auxiliado pelo dispositivo, com o tempo, foi adquirindo musculatura e se pode dispensar e retirar o equipamento e o coração continuou funcionando normalmente. Assim, não sendo necessário transplante”, conta o docente sobre casos em que se utilizou o dispositivo importado.

A iniciativa planejava começar os testes em animais e posteriormente em pessoas, em 2020, porém, em razão da pandemia, os mesmos não puderam ser realizados. Até o fim da pandemia, os pesquisadores estarão trabalhando em testes com simuladores para avaliar e estudar o dispositivo. Os membros do projeto almejam, após fazerem os testes clínicos, que o aparelho consiga despertar o interesse de investidores para que possa ser produzido em escala industrial e ser utilizado pela sociedade.

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