Carboidrato da goiaba pode melhorar a imunidade

Pesquisa aponta que pectinas têm potencial para regular o sistema imunológico

A goiaba já é conhecida por evitar inflamações, mas seus benefícios para o organismo podem ser ainda maiores. Imagem: Reprodução/Pixabay

Uma pesquisa recente observou que o consumo de goiaba pode ajudar no funcionamento do sistema imunológico. A tese de doutorado “Avaliação da atividade imunomoduladora das pectinas in natura e modificadas obtidas de goiabas”, defendida na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, percebeu essa característica nas pectinas, carboidratos muito presentes nas goiabas e responsáveis por promover textura de gel em alimentos como a goiabada, por exemplo.

O estudo foi realizado pela pesquisadora Janayra Maris Teixeira com orientação do professor João Roberto Oliveira do Nascimento, e analisou essas pectinas para investigar se teriam potencial imunomodulador. Esse potencial consiste basicamente em interações do carboidrato com o sistema imunológico, fazendo com que as células do corpo liberem citocinas, moléculas que promovem defesa do organismo através da ação inflamatória e seu desfecho, combatendo as ameaças à saúde. 

“A gente tem uma ideia de que a inflamação é ruim, mas ela é necessária. Apesar dos sintomas como dor e febre, se não houver inflamação o problema que está ocorrendo não vai ser resolvido. Mas se você tem uma inflamação contínua, isso também prejudica o funcionamento do organismo, porque ela começa a atacar os tecidos, podendo causar o desenvolvimento de doenças. Modular é equilibrar o sistema imunológico, promovendo uma ação inflamatória ou antiinflamatória, dependendo do que é necessário naquele momento. Assim, é possível ter uma resposta imunológica muito mais efetiva e manter o equilíbrio tanto das células quanto do organismo”, explica Janayra. 

Para ter certeza de que os resultados sobre imunomodulação se referiam apenas às pectinas, e não a outros compostos presentes na goiaba, esses carboidratos foram isolados para a realização do estudo. Após a extração das pectinas, a pesquisadora trabalhou com culturas de células para avaliar seus efeitos no sistema imunológico, utilizando tanto células de ratos quanto células humanas. Então a produção de citocinas nas células foi induzida pelas pectinas e analisada, em especial as citocinas causadoras de inflamações. Isso porque a maioria dos estudos com goiabas já reconhece um potencial antiinflamatório da fruta, mas não o seu potencial pró-inflamatório, que também participa da imunomodulação. 

A pesquisa também acompanhou o amadurecimento da goiaba, verificando a quantidade de pectinas e outros compostos ao longo do processo, pois existe uma diferença de composição entre frutas verdes e maduras. Assim, foram analisadas pectinas de ambos os tipos de goiaba para verificar possíveis variações de resposta nas células, além de pectinas modificadas, também de ambos os tipos. A modificação foi feita com ácido e calor a fim de alterar a estrutura da molécula, ainda para observar se esses tipos de carboidrato provocariam interações diferentes no sistema imunológico. O interessante é que essa modificação pode ser feita de forma caseira, sendo muito semelhante ao procedimento para se fazer uma goiabada, que também usa o calor do fogo e um ácido, geralmente o limão. Finalmente, todas as pectinas apresentaram grande potencial imunomodulador, com exceção da pectina modificada derivada da goiaba madura, a qual estaria muito presente em uma goiabada, por exemplo, que não promoveu indução significativa de nenhuma citocina nas células nas concentrações analisadas.

O estudo de Janayra é inicial, e para que a capacidade de imunomodulação das pectinas seja confirmada, serão necessários outros estudos, que trabalhem com animais e pessoas, por exemplo, ao invés de usar apenas suas células. Mas a pesquisa traz uma nova perspectiva sobre a goiaba e os alimentos em geral, que podem ajudar a melhorar diversas funções metabólicas de acordo com as necessidades das pessoas: “Cada organismo reage de um jeito. Existem pessoas que realmente têm uma característica mais pró-inflamatória e outras que têm uma característica mais antiinflamatória. No futuro, acredito eu que tudo isso vai ser levado em consideração para se fazer um plano alimentar”, reflete a pesquisadora.

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